Combate à violência policial no Rio e em São Paulo exige melhor estruturação da Justiça

08/12/2009 - 18h16

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O desafio de conter aviolência policial nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulopassa por melhorias na estrutura da Justiça Criminal e também pelavalorização da vida. A avaliação é do cientista social PauloJorge Ribeiro, professor da Pontifícia Universidade Católica do Riode Janeiro, que comentou hoje (8) o relatório da Human Rights Watch.O documento daorganização não governamental mostra que as polícias dos doisestados encobrem execuções alegando morte em confronto (autos deresistência). O relatório também mostra que as corporaçõesfluminenses e paulistas estão entre as que mais matam em todo mundo.“Todos têm direito àvida. Não importa quem seja. A vida é um bem e não um direito”,afirmou. “A letalidade não pode ser vista como necessária. Éfundamental que os controladores sejam controlados, que asinstituições que visam a punição e a prisão [de polícias]também sejam vigiadas por seus pares ou pela sociedade civil.”No âmbito da puniçãodos agentes policiais, Ribeiro avalia que é preciso reformular ascorregedorias e ouvidorias. “Os policiais cortam na própria carne,mas não como deveriam, porque não há a possibilidade de terem umacarreira autônoma. Se o policial começar a punir demais seus pares,automaticamente será isolado”.Ao ser questionadosobre os dados da Human Rights, o secretario de Segurança Públicado Rio, José Mariano Beltrame, desqualificou a pesquisa da ONGtachando-a de “ideológica”. E justificou o elevado número demortes cometidas em confronto, explicando que no estado três facçõescriminosas, fortemente aramadas, brigam pelo controle do tráfico dedrogas.“Acho que essasinstituições [como a Human Rights] não gostam de ouvir queaqui temos três facções criminosas, temos ideologia de facçõese territórios armados sustentados por armas de guerras , disseBeltrame, após assinatura de convênio para integração de bancosde dados da área de segurança, na sede da secretária.O relatório da ONGinternacional de defesa dos direitos humanos também aponta saídaspara os crimes cometidos por policiais, como a notificação imediataao Ministério Público do ocorrido e um reforço no sistema criminalpara que os policias sejam punidos, quando for o caso.Em 2008, para cadapessoa que matou a polícia fluminense prendeu 23 pessoas. Em SãoPaulo, para cada vítima, a polícia prendeu 348 suspeitos. NosEstados Unidos, para cada morto em confronto a polícia prende maisde 37 mil suspeitos.