A seis dias das eleições no Chile, disputa esquenta com debate sobre Lei de Anistia

07/12/2009 - 17h22

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A seis dias das eleições no Chile, o cenário político se embaralhapor causa de uma proposta sugerida pelo candidato e ex-presidente Eduardo Frei Ruiz-Tagle, daConcertación (progressista). Frei defende a revisão da Lei de Anistia.O assunto é delicado e polêmico pois divide opiniões entre os eleitoreschilenos que sofreram com 17 anos de ditadura, mortes e desaparecidospolíticos. Filho do ex-presidente Eduardo Nicanor Frei Montalva (1964-1970), o candidato afirma quedefende os direitos daqueles que, como seu pai, foram vítimas do períodomilitar.Para analistas políticos, a ideia seria uma manobrapolítica para atrair eleitores, uma vez que as pesquisas de opiniãoindicam que as diferenças entre os candidatos são mínimas. Mas pelasúltimas indicações, o empresário Miguel Sebastián Piñera, da coligaçãoAlianza (conservadora), lidera as intenções de voto, seguido por Frei eMarco Enriquez-Ominami Gumucio, independente.Observadoresbrasileiros afirmam que historicamente o assunto "anistia" provoca osânimos dos chilenos, mas as circunstâncias econômicas e políticas nãofavoreceriam um novo debate. De acordo com os analistas, a proposta deFrei incitará a associação entre Piñera e alguns de seuscorreligionários que apoiaram a ditadura, mas não deverá promovermudanças efetivas.Via imprensa chilena Piñera eEnriquez-Ominami criticaram hoje (7) duramente Frei. Para oindependente, levantar o assunto de revisão de anistia às vésperas daseleições é uma hipocrisia, enquanto Piñera reclamou que o assuntodivide opiniões no momento em que o objetivo é unir forças em favor deuma questão democrática que é a realização das eleições.No dia 13 (domingo),os eleitores chilenos irão às urnas. O voto no Chile é obrigatório paratodos com mais de 18 anos e estrangeiros, que moram no país há  mais decinco anos. As zonas eleitorais serão abertas às 7h e fechadas às 16h.De acordo com as pesquisas de opinião, deverá ocorrer segundo turno noChile, em 17 de janeiro. O presidente eleito assume o cargo no dia 11 de março.Pelaprimeira vez nas últimas duas décadas, as eleições no país ocorrerãosem a presença do ex-presidente e ditador Augusto Pinochet – morto háseis anos. Alvo de admiradores incondicionais e críticos radicais,Pinochet atuou nos bastidores políticos do país mesmo quando afastadodo poder. Foi um dos mais temidos ditadores da América Latina,governando o Chile por 17 anos (1973 a 1990). O generalcomandou o golpe militar que derrubou o governo do presidentesocialista, Salvador Allende. Foi acusado de uma série de crimes, comoo desaparecimento de mais de 3 mil pessoas durante a ditadura.