Samek diz que é quase impossível ocorrer novo blecaute como o da semana passada

19/11/2009 - 0h13

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Foz do Iguaçu (Paraná) - O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, JorgeSamek, disse que a hidrelétrica está preparada para produzir etransmitir energia na sua capacidade máxima e em total segurança.Segundo ele, é quase impossível ocorrer novamente um blecaute como o dasemana passada, que deixou 18 estados no escuro. “Foi um acontecimentoraro, dá para afirmar que as chances de se repetir são de três em mil.Em 26 anos de operação de Itaipu, tivemos problemas em uma, duas linhasde transmissão,  mas nunca no conjunto”.O problema – reafirmou -ocorreu na transmissão da energia que é produzida pela hidrelétrica edistribuída para o sistema brasileiro. “E nesse processo são tomadostodos os cuidados. São cinco linhas grandes, com distância larga uma daoutra. Em mil quilômetros, três linhas de transmissão ficam separadaspor até 20 quilômetros de distância. Em apenas 3 quilômetros elas seaproximam para entrar e sair das subestações e foi ali que o problemaaconteceu” – explicou à Agência Brasil. Foram desligadas as três linhas que seguem de Itaipu para as subestações de Ivaiporã (PR), Itaberá (SP) e Tijuco Preto (SP). Deacordo com Samek,  o serviço de meteorologia do estado enviou boletimmostrando grande quantidade de raios na região de  Itaberá na tarde doúltimo dia 10. “Foi  um somatório -  ventos fortes, chuvas edescargas  elétricas  - que  provocaram  o curto-circuito”. Elelembrou que somente durante sua gestão, por umas 15 vezes ocorreramproblemas climáticos sérios, que derrubaram  torres, mas nuncaproblemas na mesma hora e em todas. No dia do apagão, às 13h23, tinhacaído um raio na região de Itaberá. A transmissão foi interrompida eretornou em alguns minutos. Como o sistema está operando com folga  eestá sobrando água devidos às constantes chuvas no Sul do país, oOperador Nacional do Sistema (ONS), justamente naquela tarde, dispensou 1.400  megawatts dos 12. 600  que estavam sendo produzidospor Itaipu. O ONS  distribuiu  energia de outra usina, mas  isso éprocedimento normal, de janeiro atéagora,  isso  ocorreu cerca de 50 vezes, segundo Samek. O que nuncatinha ocorrido era um blecaute depois de um processo desses. Odiretor disse que quando ocorreram acidentes considerados de grandeproporção saíram no máximo 6 mil megawatts do sistema elétrico,repostos rapidamente pela ONS , mas que 12 mil megawatts constituem carga  muitogrande para ser realizado um backup rápido.Isso justifica osinvestimentos que o Brasil tem feito no setor, segundo o diretor.“Desde a construção da Usina de Tucuruí (PA), não se investia tanto. Asduas usinas do Rio Madeira - Santo Antônio e Jirau -,  Belmonte, no RioXingu (PA), e o projeto Tapajós, que vai do Maranhão ao Pará , que é omais bem elaborado do sistema elétrico brasileiro em impactoambiental,  todos juntos,  vão produzir mais do que Itaipu para osistema elétrico brasileiro”, observou.  Itaipu continuará sendo amaior usina do mundo em produção de energia,  só que diminuirá adependência do Brasil em relação à hidrelétrica. “Se já tivessem emfuncionamento, não teríamos tido o blecaute”, garantiu.Itaipu tem 18 unidades geradoras em funcionamento: nove unidades geradoras de60 hertz (Hz) e nove unidades geradoras de 50 Hz. A produção total é de 10.450 MW.Desses, 9.800 MW são destinados ao sistema integrado brasileiro e 650MW para atender ao Paraguai. Com 14.000 MW de potência instalada,fornece 19,3% da energia consumida no Brasil e abastece 87,3% doconsumo paraguaio.O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacionaldisse ainda que o atual  sistema interligado é um “achado que o mundointeiro gostaria de ter e só o Brasil tem porque é preciso ter água,território, capacidade de consumo e muita tecnologia. O Brasil é o paísque mais tem tecnologia quando se trata de eletricidade que vem daágua”.