Alta-comissária da ONU critica falta de ações contra abusos cometidos na ditadura militar

13/11/2009 - 0h47

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aalta-comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) paraAssuntos de Direitos Humanos, Navanethem Pillay, afirmou hoje (13)que o Brasil é o único país da América do Sul que não adotoumedidas para enfrentar os abusos cometidos durante o regime militar.“Entendoque esse é um tema extremamente sensível, mas há maneiras de fazerisso evitando reabrir feridas do passado e ajudando a curá-las”,disse, durante coletiva de imprensa. Navanethem reforçou que atortura é um crime contra a humanidade, que não pode ficar impune.Paraa alta-comissária, a falta de discussão sobre o assunto acabacontribuindo para os atos de tortura que ainda são praticados nostempos atuais.Ela lembrou que deve haver um vínculo “indissolúvel” entre asegurança pública e os direitos humanos. Ela elogiou iniciativasfederais e estaduais que dão prioridade à parceria com ascomunidades atingidas pela violência, mas cobrou a manutenção emlongo prazo do empenho político e da liberação de recursosfinanceiros para essas ações.“Reconheçoperfeitamente as dificuldades enfrentadas pela polícia quando tentamanter a lei e a ordem. Mas a maneira de parar com a violência nãoé recorrendo à violência. Um elemento-chave para ganhar aconfiança é aplicar a justiça de forma justa”, afirmou. Arepresentante da ONU pediu ainda que o governo brasileiro estabeleçauma política clara de combate à impunidade.