Fórum discute no Rio ações para combate ao uso de crack e outras drogas

28/10/2009 - 13h27

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O caso de um jovem de classe média que, sob efeito de crack,matou a namorada no Riode Janeiro desencadeou uma série de discussões sobre o aumento doconsumo da droga no país e ações das autoridades para combater ovício. A prefeitura da cidade, que anunciou a criação de trêsunidades para tratar de dependentes de crack, realiza amanhã(29) o 1º Fórum Municipal de Enfrentamento ao Uso Abusivo do Cracke de Outras Substâncias Psicoativas. Segundo o secretáriomunicipal de Assistência Social, Fernando William, o objetivo doevento é elaborar um programa de prevenção para os dependentes dedrogas, sobretudo o crack. “É fundamental integrareducação, saúde e assistência social nesse processo, além deações preventivas nas escolas com a participação de líderescomunitários, religiosos, enfim, várias intervenções conjuntaspara evitar que ocorra a dependência.”As novas unidades,que devem ser inauguradas ainda nesta semana, têm 60 vagas, 20 delaspara moças de até 18 anos, já que os homens são as maioresvítimas da droga, informou o secretário. “O tratamento prevêinternação de aproximadamente um mês, prazo para desintoxicaçãodo viciado. Por ano devemos atender a cerca de 720 meninos e meninasnessas unidades”, disse William. “O custo de cadapaciente será de aproximadamente R$ 2.500 por mês. Estamoscomeçando com 60 vagas e depois avaliaremos os resultados. Se foremsatisfatórios, iremos ampliá-las, mas paralelamente vamos investirna prevenção”, acrescentou o secretário. De acordo commapeamento feito recentemente pela secretaria, 90% das cerca de 400crianças atendidas nas casas de triagem do órgão se dizemtoxicodependentes, sendo a maioria viciada em crack.Para a diretora doNúcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Nepad/Uerj), Maria TherezaCosta Aquino, as novas unidades de tratamento são mais do quebem-vindas, mas as internações devem ser criteriosas. “Não étodo dependente de crack que deve ser internado. Quem deveavaliar isso é um profissional de saúde capacitado. Além disso, éfundamental que haja um programa permanente de prevenção etratamento às drogas, todo os dias, não apenas em períodos decrise.”Segundo apsiquiatra, o Brasil carece de conjunto de normas reguladoras paraprevenção e tratamento do abuso de drogas, assim como existemregras para o controle de doenças como tuberculose e dengue. Maria Thereza disse quenão existe um protocolo na área de prevenção e tratamento dedrogas. “Qualquer um abre uma clínica e trata o paciente do jeitoque achar melhor. Vemos lugares que tratam o doente com banho de águagelada numa jaula, com punições físicas e psicológicas ou comorações. Há muito amadorismo na questão do enfrentamento ao abusode drogas. Nossos toxicodependentes não podem continuar nestasituação.”