Capitalização da Petrobras pelo governo pode diminuir influência de outros acionistas, diz Apimec

31/08/2009 - 17h54

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O aumento daparticipação do governo no capital da Petrobras, pormeio da aprovação da capitalização dacompanhia, pode ser recebido de uma maneira negativa pelo mercado,em um primeiro momento. O fato, que poderia serconsiderado negativo, é que o reforço do controleestatal pode diminuir a influência dos acionistas privados daPetrobras. A avaliação é da presidente da Associaçãodos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais(Apimec Nacional), Lucy Aparecida de Sousa. “O mercado tem um viés antiestatal”, dissehoje (31), em entrevista à Agência Brasil. Ela ponderou, contudo,que é necessário conhecer mais a fundo a questãopara ter uma opinião mais bem formada. Lucy de Sousa explicouque, embora o aumento de capital da Petrobras signifique que o governo vaiampliar a sua participação na empresa, ele também estará injetando recursos na companhia. O analista e oinvestidor terão que pensar que, em primeiro lugar, a empresavai ficar com seu controle mais estatal porque o governo é oseu maior acionista. “Se isso é bom ou ruim para oinvestidor, vai depender das razões que levam o governo afazer isso”. A presidente da Apimec afirmou que, do lado financeiro, a medida trará maisrecursos para a Petrobras investir no pré-sal. Ela alertou para anecessidade de se analisar se isso vai trazer frutos para a companhia. Nesse caso, é positivo para todos osinvestidores da empresa, incluindo os estrangeiros. Se os investimentos nopré-sal derem resultado, todos os investidores participarãodo lucro, “na proporção do capital que eles játêm”. Lucy de Sousa admitiu que o preço das açõesda estatal pode cair “até como uma reaçãoimediata, não amadurecida, até por falta deinformação”. Para o diretorinstitucional da Apimec do Rio de Janeiro, Eduardo Werneck, acapitalização da Petrobras é um bom negóciopara o investidor minoritário. “Na medida em que eleacredite na empresa e subscreva as ações, é umbom negócio para ele. Mas, se ele não subscrever asações, vai perder participação naempresa. Isso não é bom. Tem que acreditar na empresaque tem perspectivas boas de longo prazo. E eu acho que ninguémduvida disso”, observou. Werneck afirmou que, nocurto prazo, podem ocorrer flutuações negativas epositivas para a empresa, em razão da situaçãoainda indefinida do pré-sal. Para ele, o investidordeve estar atento também para a questão do preçoem que for feita a subscrição das ações, que deve ser competitivo. “A olho cego, sem saberqual é o preço de subscrição, eu nãovejo como bom para o investidor”, argumentou. A capitalizaçãoprevista na proposta do governo para exploração dacamada pré-sal é de R$ 100 bilhões, conformeanunciou hoje o ministro de Minas e Energia, Edison Lobao, na cerimônia em que foram apresentados os projetos com as regras de exploração do pré-sal. Como reguladora domercado de capitais, a Comissão de Valores Mobiliários(CVM) não se pronunciou sobre a abertura de capital daPetrobras, para não induzir o investidor a tomar decisões,conforme esclareceu a assessoria do órgão. As atividades deexploração do pré-sal poderão vir a serfinanciadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial (BNDES). Segundo a instituição, o presidente do banco, Luciano Coutinho,tem declarado reiteradamente a disposição de estimularo desenvolvimento da cadeia produtiva nacional voltada para opré-sal, a partir de projetos que utilizem tecnologia deponta.