Governistas vinculam declarações de Lina à sucessão presidencial

18/08/2009 - 13h42

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A basealiada do governo adotou a estratégia de vincular asrepercussões da entrevista concedida pela ex-secretáriada Receita Federal, Lina Vieira, à Folha de S.Paulo àsucessão presidencial de 2010. Coube aos senadorespeemedebistas pôr em prática essa linha de raciocínio.O senadorWellington Salgado (PMDB-MG) cobrou da ex-secretária a agenda,o dia e a hora do encontro que ela afirma ter tido com a ministra daCasa Civil, Dilma Rousseff, no fim do ano passado. Na ocasião,de acordo com Lina Vieira, Dilma solicitou que acelerasse asinvestigações em andamento na Receita contra o filho deSarney.A respostade que o encontro foi reservado e, por isso, não constou desua agenda ou a da ministra foi usado pelos governistas para darandamento a essa estratégia. O líder do governo noSenado, Romero Jucá (PMDB-RR), partiu para o discurso deesvaziamento do assunto.“Meconsidero satisfeito, o que houve foi um grande mal-entendido. Vou meretirar porque esgotamos a questão. Vossa Senhoria nãosabe a data do encontro. No espírito de tudo isso, a conotaçãoque se dá é que a tentativa de se fazer pizza dessainvestigação não ocorreu. A ministra sabedisso”, afirmou Romero Jucá, vinculando o assunto a umatentativa de antecipar a disputa eleitoral de 2010.O líderda base do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), adotou a postura dedesconstruir a versão apresentada por Lina Vieira na Comissãode Constituição e Justiça (CCJ). Diferentemente da ex-secretária, que informou que teve no máximo trêsreuniões com a ministra, o líder citou ao menos seisencontros. Alguns com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva eo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.LinaVieira ressaltou que as reuniões agendadas oficialmente com aministra foram no máximo três e que nas demais,relatadas por Mercadante, ela simplesmente assessorou o ministro daFazenda, Guido Mantega.Por outrolado, o líder do bloco governista comparou as declaraçõesde Lina Vieira à Folha de S.Paulo com as prestadashoje. Ao jornal, disse ele, a ex-secretária disse que aministra teria pedido para agilizar as investigações daReceita Federal contra o empresário Fernando Sarney, filho dosenador José Sarney (PMDB-AP), por causa das eleiçõespara a presidência do Senado.Hoje, LinaVieira afirmou que Dilma Rousseff apenas pediu que agilizasse asinvestigações. “Ou a senhora prevaricou ou estámentindo. Se ela [Dilma Rousseff] falou que era para acabarcom investigação por causa das eleiçõesno Senado teria que comunicar ao seu superior [ministro GuidoMantega]. Como jornalistas sabiam se a senhora não faloucom ninguém e a ministra nega o encontro?”, questionouMercadante.Aex-secretária argumentou que não tratou de eleiçõesno Senado com a ministra. “Foi uma interpretaçãopessoal”, disse. Quanto ao fato de os jornalistas teremconhecimento do teor da suposta reunião, ela recomentou aosenador que a pergunta fosse feita aos repórteres da Folha deS.Paulo.