Cai preço médio de livros no país, revela pesquisa da CBL

11/08/2009 - 18h39

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O preço médio dolivro caiu nos últimos anos no Brasil, que, com isso, aumentou o volume de exemplares vendidos. Segundo pesquisa divulgada hoje (11) pela CâmaraBrasileira do Livro (CBL) e realizada pela Fundação Instituto dePesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe), de 2004 a2008, o preço médio do livro caiu tanto em termos reais (descontadaa inflação) quanto nominais. Excluindo as compras de livrosdidáticos pelo governo, cujos preços variam conforme o tipo depublicação e a idade dos alunos, a Fipe constatou queda no preçomédio do livro nos últimos quatro anos. Em valores deflacionados, aqueda foi de 24,5% no livro didático, 22,4% no segmento de obrasgerais, 38% em livros religiosos e 23,3% nas publicaçõescientíficas, técnicas e profissionais. Na comparação entreos anos de 2008 e de 2007, o estudo mostra, entretanto, alta de 3,8%no preço médio do livro em termos reais, atribuída às comprasgovernamentais. Isso se explica porque os livros comprados pelogoverno para o ensino médio tiveram preço mais alto que osadquiridos para o ensino fundamental em 2007.Sem considerar ascompras de livros didáticos pelo governo, o aumento do preço médioem 2008 sobre o ano anterior foi de apenas 0,88%, disse o diretorexecutivo da CBL, Eduardo Mendes. Em entrevista à AgênciaBrasil, ele ressaltou que a pesquisa nãoregistrou efeitos da crise financeira em 2008: “O mercado começoua sentir mais a crise este ano, quando ocorreu nova compra de livrosdidáticos.”A preços constantes,isto é, em termos reais, o mercado editorial brasileiro, incluindo osegmento governo, cresceu 0,88% nos últimos quatro anos. SegundoMendes, esse dado mostra que as editoras tiveram ganhos deeficiência. “Elas estão faturando a mesma coisa nos últimosquatro anos, mas a venda de livros tem aumentado. Por isso, o preçodo livro caiu.” O faturamento do mercado editorialbrasileiro cresceu 6,56% em 2008 ante 2007, com aumento de 5,64% nonúmero de exemplares vendidos. Foram obtidos R$ 2,43 bilhões com avenda de 211,5 milhões de exemplares.Em 2008, somandoas vendas do mercado e do governo, o aumento do faturamento foi de9,71% Descontada a inflação, medida pelo Índice de Preços aoConsumidor Amplo (IPCA), a expansão do faturamento no ano passadoatingiu 4,9%.Ao apontar os fatoresque contribuíram para essa expansão, Mendes destacou o investimentodas editoras em livros mais acessíveis, de bolso e mais bemproduzidos, e a visão estratégica de longo prazo do governo federalpara a formação de novos leitores. Mendes citou ainda a desoneraçãode impostos sobre o livro, oficializada em 2004, que permitiu a quedados preços. Com isso, a base de leitores no Brasil cresceu.De acordo com apesquisa Retratos da Leitura, realizada em 2007 pelo InstitutoPró-Livro para a CBL, o Sindicato Nacional dos Editores de Livros ea Associação Brasileira de Livros, 95,6 milhões de brasileiros(cerca de 55% do total) declararam ter lido um livro nos últimostrês meses. A pesquisa mostroucrescimento no número de leitores no Brasil. A média, que era de de1,8 livro lido por ano por habitante em 2001, passou para para 3,7livros por habitante/ano. “O preço caiu, as editoras estãoatentas à missão de formar mais leitores”, destacou Mendes. "Masainda há muito o que avançar”, disse ele, ao lembrar que, nospaíses desenvolvidos, a média mínima é de sete livros lidos porhabitante por ano.