Autores e editores de Auto da Resistência esperam "grande repercussão" das narrativas

08/08/2009 - 10h41

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Coordenadorade Auto de Resistência, a socióloga Bárbara Soares, do Centro deEstudos de Violência e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, dizque o livro “tenta contar de uma forma diferente uma parcela dahistória do Rio de Janeiro" queenvolve chacinas, sequestros, omissão e impunidade."Para tanto, traz afala de pessoas que perderam familiares em meio à violência armada eque, a despeito dos obstáculos que conheceram, buscam encontrarsoluções para seus dramas”.Tatiana Moura, que trabalhou comCarla Afonso na organização do livro e atua no projeto desdeo começo, fala do que a publicação significa para ela. A pesquisadora do Observatório de Gênero e ViolênciaArmada, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, afirma que o livro marca "ofinal e o início de uma etapa de um projeto", que surgiu há quatro anos."O final, porque as pesquisas devem ser sempre um caminho de ida evolta. Se vamos perguntar às pessoas algo sobre as suas vidas, então éporque vamos fazer algo para mudar as coisas”. A pesquisadora afirma que a publicação pode ser considerada "um desses retornos". “O início de um processo porque, com este livro,esperamos que se olhe realmente para este problema, que afeta grande parte da população do Rio de Janeiro”.MárciaJacintho, mãe de Hanry, 16 anos, morto com um tiro no coração na favela do Gambá, no subúrbio de Lins de Vasconcelos, num fim detarde de novembro de2002, se diz esperançosa com a repercussão do livro e emocionada com o carinho e o respeito da equipe da socióloga BárbaraSoares.“A espera pela justiça vai trazendo doença, eu espero que o livro ajude a acelerar todo esse processo da nossa dor”, comenta.ElizabethMedina Paulino, que perdeu um filho de 18 anos, outro de 13 e umsobrinho de 20 na chacina da Via Show, casa de espetáculos à margem daVia Dutra, na altura de São João de Meriti, em dezembro de2003, vê no Auto de Resistência uma oportunidade importante de“dar visibilidade às famílias da vítimas e à nossa luta”.Oeditor Jorge Viveiros de Castro admite que aimpressão do livro mexeu com os sentimentos dos menos de dezfuncionários responsáveis pela produção editorial. “Sem dúvida, foi um trabalhoimpactante, e para nós a oportunidade excelente de fazer parte deuma questão grave e complicada, que precisa de maior visibilidade”. Atiragem inicial é de mil exemplares, “padrão para o tipo de obra, mastodos esperamos que tenha muita repercussão e façamos novas impressões”.