Militares e civis discutem relações em missões internacionais de paz em seminário no Rio

03/08/2009 - 19h15

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A partir da experiência brasileira no comando da forçade paz das Nações Unidas no Haiti, em 2004, organismosdedicados a ações humanitárias em todo o mundopassaram a tratar de forma científica a questão dorelacionamento institucional entre militares e civis envolvidos emações fora de suas fronteiras. O assunto está emdiscussão no seminário Revisão das Fronteirasentre Civis e Militares: Segurança e Desenvolvimento emOperações de Paz e em Situações dePós-Conflito, promovido hoje (3) no Rio de Janeiro pelaorganização não governamental Viva Rio “Estaé uma oportunidade inédita de trocarmos nossasimpressões, militares de um lado, e civis de outro, sendo queestes ainda estão divididos em dois grupos, os que prestamajuda humanitária e os que estudam o cenário e asrelações que se desenvolvem nele”, disse SilvinoAderne Neto, fuzileiro naval envolvido na participaçãomilitar nas áreas em estudo e ele próprio entusiasta daaproximação de visões diferentes, mascomplementares.O seminário, que se prolongaráaté amanhã (4), contempla também a experiênciadas Nações Unidas no Afeganistão, onde tropasnorte-americanas lutam contra o Talibã e a organizaçãoterrorista de Osama Bin Laden, Al Qaeda, há váriosanos. Mas foi o caso haitiano que despertou mais a atençãono primeiro dia das exposições.“O Brasiltinha uma história de participação em forçasde paz internacionais que vinha da década de 60, na RepúblicaDominicana”, lembra Silvino, destacando sempre o papel deprotagonismo histórico dos Estados Unidos nessas ocasiões.“O povo se ressente da presença americana, nunca muito bemvista, ao contrário das forças de paz como a que foi aoHaiti”.A reforçar a argumentação dofuzileiro naval brasileiro, vale a lembrança da seleçãobrasileira de futebol em Porto Príncipe, capital do Haiti,para uma partida amistosa que entrou para a história do paísmais pobre da América como um sinal de solidariedade e apoioao povo atingido por sucessivas disputas de poder.“A ida daseleção ao Haiti despertou a empatia do povo peloBrasil de uma forma que nenhum outro trabalho poderia terconseguido”, diz Silvino Aderne Neto, que acompanha o semináriocom o colega de farda André Duarte, da tropa brasileira noHaiti.O seminário no formato de workshop tem aparticipação de especialistas militares e civis devárias partes do mundo, todos com algum tipo de experiênciaem missões internacionais de paz. Amanhã éaguardada com grande expectativa a participação doprofessor da Universidade de Brasília Antônio JorgeRamalho, apontado a maior autoridade brasileira no setor acadêmicosobre relações entre militares e civis em missõessemelhantes.