Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) recomendou hoje (22) que o governobrasileiro faça uma contestação formal contra a Argentina na Organização Mundial do Comércio(OMC). O motivo é o sistema de licença não automática para liberação de exportações que chegam ao país vizinho. A medida eraaplicada sobre 3,7% das exportações tradicionais do Brasil para aquelepaís, em 2004, e atualmente a prática atinge 13,5% do total de nossasvendas.Há denúncias por parte dos exportadores brasileiros da adoção dessa barreira, com a liberação do desembarque de produtos ocorrendo em prazos maiores do que a OMC recomenda. Com isso, osprodutos chineses têm conseguido melhorescondições para ganhar espaço no comércio argentino, em detrimento daprodução brasileira, de acordo com queixa da CNI.Equipes técnicas dos governos do Brasil e da Argentina se reunirão na próxima terça-feira(28), em São Paulo, para discutir uma possível correção no rumo do comérciobilateral praticado entre os dois países.As exportações brasileiras para o país vizinhocaíram 42,1% no primeiro semestre deste ano, comparado a igual períododo ano passado e há evidências de que não foi só por causa de retração da demandaargentina, provocada pela crise financeira global.Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior mostram que as exportações brasileirasdiminuíram para todos os blocos comerciais, com exceção da Ásia, onde aChina continua aumentando suas compras e tornou-se maior parceirocomercial do Brasil. Mas, em termos individuais, “a situação maispreocupante” diz respeito ao comércio com a Argentina, de acordo com osecretário de Comércio Exterior do Ministério, Welber Barral.A recomendação da CNI, enviada por cartaao MDIC e ao Ministério das Relações Exteriores, foi apoiada tambémpela Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB), pela AssociaçãoBrasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e por federaçõesdas indústrias de diferentes estados. A Federação das Indústrias do Estado deSão Paulo (Fiesp) também participará da reunião técnica da próxima terça-feira.