Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Uma das prioridades paraguaias, anunciadas pelo presidente do Paraguai, Fernando Lugo, ao assumir a presidência pro-tempore do Mercosul, em dezembro passado, era impulsionar as negociações comerciais com potências econômicas. Ficou apenas na intenção. Nenhum novo acordo foi esboçado nos últimos seis meses.
Deve ser firmado apenas ummemorando de entendimento com a Coreia. Em 2007, as duas regiõesadotaram Estudo Conjunto sobre os impactos de eventual negociação deacordo de livre comércio. Desde então, os dois lados vêm examinandoalternativas para avanços na área. O Conselho do Mercado Comum (CMC) – instância máxima decisória doMercosul - reúne-se no dia 23deste mês, em Assunção, no Paraguai, na véspera da Cúpula de Chefes deEstado do Mercosul A falta de acordos com outras regiões é um das grandes insatisfações dos sócios menores do Mercosul. Nos últimos anos, Uruguai e Paraguai chegaram a ameaçar deixar o bloco para poderem firmar acordos de livre-comércio com grandes mercados, como o Estados Unidos. “A frente externa não se desenvolveu muito nesse semestre”, reconhece o o diretor do Departamento do Mercosul do Itamaraty, ministro Bruno Bath.Coube ao governo paraguaio, no entanto, retomar do diálogo entre o Mercosul e a União Europeia – o que ocorreu em reunião realizada em Lisboa, no dia 17 de abril. Novo encontro foi marcado para novembro. “É uma retomada ainda exploratória, a negociação propriamente dita ainda não começou”, diz o diplomata.
A aproximação entre Mercosul e União Europeia começou em dezembro de 1995, com a assinatura do Acordo-Quadro lnter-regional de Cooperação, instrumento de transição para uma futura Associação lnter-Regional, que teria como fundamento a implementação de um programa de liberalizarão comercial progressiva e recíproca, abrangendo os setores agrícola, industrial e de serviços. A última reunião de negociação entre os dois blocos ocorreu em dezembro de 2006.Por decisão europeia, as negociações estavam paralisadas à espera de um acordo na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Diante da falta de avanços na esfera multilateral, os sócios do Mercosul decidiram retomar as conversas com o bloco europeu. Tal intenção já havia sido manifestada pela União Europeia no final de 2007, às vésperas da Cúpula de Montevidéu. Na ocasião, o Comissário Europeu de Assuntos Econômicos e Política Monetária, Joaquin Almuña, participou como convidado especial da. reunião de ministros de economia e presidentes de Banco Central dos sócios e Estados Associados do Mercosul. Além da reaproximação com a União Europeia, a pauta externa do bloco para 2009 inclui a conclusão do acordo de associação entre Mercosul e o Sistema de Integração da América Central (Sica) e acordos de livre-comércio com países do Sica que tiverem interesse, além da retomada das conversas com a Comunidade do Caribe (Caricom).