Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Deficiênciade recursos humanos, falta de equipamentos e desintegração da redepública de saúde são os principais problemas apontados pelo presidenteda Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro,o médico Carlos Eduardo. Ele fez uma vistoria na manhã de hoje (6) namaternidade do Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, zona sul doRio. Na semana passada, um médico que fazia o plantão orientoutrês grávidas a buscarem atendimento em outra unidade e, aodispensá-las, rabiscou em seus braços o nome do hospital que deveriamprocurar e as linhas de ônibus que deveriam ser utilizadas para chegaraté lá. Uma das pacientes, que apresentava um quadro grave dedescolamento de placenta, acabou perdendo o bebê, no sétimo mês degestação. O obstetra foi identificado e afastado pela SecretariaMunicipal de Saúde. De acordo com Carlos Eduardo durante avistoria, a comissão verificou que o único aparelho para identificarcasos de sofrimento fetal está quebrado desde fevereiro.Também faltariam na maternidade pelo menos seis enfermeiros e 18técnicos em enfermagem. Ele cobrou otimização dagestão da saúde pública no Rio e disse que enviará, até a próxima quinta-feira,um relatório com a situação encontrada durante a vistoria ao MinistérioPúblico Estadual e à Secretaria Municipal de Saúde.“Quem atendegente é gente, não se pode deixar uma maternidade sem recursos humanos,com falta de equipamentos. Muito menos interditar onze leitos sem umplano de contingência, incluindo para onde e como transferir aspacientes que procurarem a unidade, as que fizeram todo o pré-natal nomesmo local. É preciso otimizar a gestão da saúde pública no Rio e,principalmente, integrar a rede”, afirmou.A secretaria estadual de saúde informou,por meio de nota, que o governo vem trabalhando para reduzir a taxa demortalidade materna no estado e que entre as ações desenvolvidas estãoa criação do Comitê Estadual de Prevenção e Controle da Morte Materna ePré-Natal, além da capacitação de obstetras de postos de saúde e dasmaternidades para atender mulheres com gravidez de alto risco.Ontem(5), o prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou que não há crise nosistema público de saúde do município que justifique a omissão de umdos plantonistas do Hospital Municipal Miguel Couto. Paes classificou aatitude como desrespeitosa e prometeu uma apuração rigorosa dos fatos.