Lísia Gusmão
Eviada Especial da EBC
Paraty (RJ) - Um pouco antes do apagar das luzes no encerramento da 7ªFesta Literária Internacional de Paraty (Flip), o jornalista eescritor Humberto Werneck foi flagrado tentando encontrar explicaçãopara o fato de 25 mil pessoas terem se deslocado até Paraty,cidade histórica do Rio de Janeiro, para ouvir e falar sobreliteratura durante cinco dias. Após mediar a mesa AntologiaPessoal, dedicada ao poeta Manuel Bandeira, homenageado nesta edição,encerrada ontem (5), Werneck concluiu que a literatura é uma“necessidade imperiosa”.“Omundo, tal como nos é dado, é intolerável.Então, você recria esse mundo como escritor, pintor,cineasta, teatrólogo, músico. Essa inconformidade com arealidade e a vontade de mudá-la não sãoexclusivas do artista. A presença de milhares de pessoas aquiatesta que há uma fome muito grande de arte”, afirmou.Noencerramento da 7ª Flip, sete dos 34 escritores convidados leramtrechos dos seus livros de cabeceira. Antes, porém, o palcoprincipal foi tomado de pura poesia. O professor Edson Nery daFonseca, amigo e correspondente de Manuel Bandeira, e o ex-aluno dopoeta Zuenir Ventura foram instigados por Werneck a abrir a memória.Ojornalista fez uma interessante viagem sobre a vida de Bandeira,ainda sob o impacto da emocionante entrevista com o escritorportuguês António Lobo Antunes, destaque da Flip, nanoite anterior. Na bagagem dos 41 anos de experiência, Werneckacumula lembranças de entrevistas que fez com grandes nomes daliteratura, como Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade,Vinícius de Moraes e João Cabral de Mello Neto. Comoutro português, o Prêmio Nobel de Literatura JoséSaramago, passou uma semana.“Eu sei,portanto, distinguir um grande escritor, que não éapenas um bom escritor. E Lobo Antunes é um dos grandesescritores do nosso tempo. Não estou exagerando. Estou falandode um dos grandes autores do grande tempo”, definiu. “Foi ummomento como poucos na Flip”, completou.