Primeiro ônibus movido a hidrogênio construído no Brasil é apresentado em São Paulo

01/07/2009 - 19h25

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O primeiro ônibusmovido a hidrogênio construído no Brasil, que começará a circularem agosto, foi apresentado hoje (1º) na capital paulista. Atecnologia, até agora, só foi desenvolvida em quatro país:Alemanha, China, Estados Unidos e Japão. O veículo deverá circularinicialmente no Corredor Metropolitano ABD, que liga São Mateus aJabaquara, na região metropolitana de São Paulo.

Na maioria dos aspectos, o veículoparece um ônibus normal – a diferença é uma saliência na parteexterior do teto, onde ficam os tanques de hidrogênio. Além disso,é muito mais silencioso do que os ônibus convencionais, comoverificou a reportagem da Agência Brasil durante o passeioinaugural para jornalistas.

A Empresa Metropolitana deTransportes Urbanos de São Paulo (EMTU), coordenadora do projeto,avaliará o desempenho do primeiro veículo para corrigir possíveisfalhas nos outros três ônibus que deverão entrar em funcionamentono primeiro trimestre do próximo ano. Eles também deverão atuarnas 13 linhas do corredor ADB.

Os veículos são abastecidos com ocombustível extraído pela eletrólise da água – separação dohidrogênio do oxigênio com o uso de eletricidade. O gás é usadopara gerar a eletricidade que movimenta os ônibus e, após acombustão, o escapamento emite apenas vapor de água. Desse modo, oveículo não emite poluentes.

Os 45 quilos de hidrogênio quepodem ser armazenados nos nove tanques presentes no protótipo dãoao veículo autonomia de cerca de 300 quilômetros. O sistema contaainda com baterias que armazenam energia excedente produzida pelascélulas de hidrogênio e pela frenagem, o que pode levar o veículopercorra mais 40 quilômetros.

O custo do projeto dedesenvolvimento e construção dos quatro ônibus, mais uma usina deprodução de hidrogênio, que deverá ser instalada em São Bernardodo Campo (SP), é de R$ 38 milhões. O projeto tem apoio doMinistério de Minas e Energia, do Programa das Nações Unidas parao Desenvolvimento (Pnud), da Global Environment Facility (GEF) e daFinanciadora de Estudos e Projetos (Finep).

O novo ônibus “já passou portodos os testes que são normais na indústria automobilística”,garantiu o gerente de desenvolvimento da EMTU, Carlos Zundt, emrelação à segurança do veículo. “É mais fácil ter umproblema em um ônibus a diesel do que em um ônibus como esse”,afirmou.

Quanto aos custos, Zundt disse quepodem ser construídos outros veículos com preço semelhante ao deum trolleybus (ônibus elétrico), aproximadamente R$ 2milhões. O preço pode cair até 20%, caso haja produção em escalamaior. Segundo ele, peças importadas, como os tanques e as célulasde hidrogênio, são mais baratas quando compradas em maiorquantidade. Ele ressaltou, no entanto, que é preciso haver maisdemanda para que se pense em aumentar a produção.

De acordo com o governador de SãoPaulo, José Serra, com o funcionamento dos ônibus nos próximosmeses, poderá ser avaliada a relação custo-benefício do projeto euma possível expansão no futuro. “Vamos agora ter essaexperiência para fazer uma análise econômica e financeira maisprecisa”, disse Serra.