País tinha pouca capacidade de reação no início do Plano Real, avalia pesquisador

01/07/2009 - 10h26

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Em 1999,ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, o cenário começou a darsinais de melhoria, a partir da desvalorização do real. “E, aí,você tem a geração de empregos dentro do país começando amelhorar”, disse o economista Ricardo Amorim, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).  Ele lembrou que ficou caro importar e a indústria iniciou um processode reação.“Resultado:nós começamos a ver a indústria retomando um pouco de crescimento,melhorando a sua inserção na produção nacional. E aí você temnovamente geração de empregos. Elos da cadeia produtiva foramrefeitos, o que é muito bom”, comentou o pesquisador.

Segundo Amorim, o problemadetectado naquela época é que o Estado brasileiro saiu extremamenteendividado do Plano Real e, por consequência, com pouca capacidadede reação. A partir do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o quadrocomeçou a mudar.

RicardoAmorim disse que já existia melhoria no emprego industrial e, apesarda intenção de continuar pagando com juros altos a dívida interna,“criada com o Plano Real, o governo brasileiro interrompe açõesde caráter neoliberais tomadas por seu antecessor”. Entre elas,as privatizações.

“As açõesdos bancos do estado começam a crescer de maneira significativa, asempresas públicas são motivadas a investir”, comentou.

Paralelamente,o governo iniciou programas sociais ativos, como o Bolsa Família, ea Previdência Social reforçou também sua atuação comodistribuidor de renda no país e redutor da pobreza. Com isso, Amorimafirmou ter ocorrido um reforço grande do aumento real do saláriomínimo durante anos no governo Lula.

“Isso temum impacto forte na base salarial e também porque dois terços daPrevidência Social têm o valor do salário mínimo. Então, é umesforço de renda muito grande para as classes mais pobresbrasileiras”.

Aliado aodesempenho na economia mundial, isso acabou gerando crescimentoeconômico. O Brasil voltou a crescer, a gerar emprego e renda. “Aomesmo tempo, havia uma força distributiva muito grande, não domercado, mas do Estado na base da pirâmide. E nós conseguimosmelhorar a pobreza e a desigualdade desde 2004”.

Asdesigualdades regionais em termos de pobreza persistem, entretanto,até hoje, afirma o economista, lembrando que o Mapa da Fome, elaborado peloprofessor Josué de Castro na década de 50 do século passado, mostraa Região Norte/Nordeste como a mais pobre do país e o Centro-Sulcomo a menos pobre, fato que se mantém até hoje.