Luana Lourenço*
Enviada Especial
Cidade de Goiás - O Brasil pode ser o primeiro país do mundo a entrar no rol das nações desenvolvidas sem ter desmatadotoda a sua vegetação nativa, como aconteceu na Europa e nos EstadosUnidos. A avaliação é do pesquisador da Agência Espacial America (Nasa)e do Experimento de Larga Escala da Biosfera – Atmosfera Amazônia(LBA), Eric Davidson. O caminho, de acordo com o pesquisador,passa por soluções econômicas para manter a floresta em pé, como omercado de carbono, mas principalmente pela mobilização nacional embusca de alternativas de crescimento econômico sustentável. “OBrasil tem recursos humanos nas áreas de energia, meio ambiente,modulagem, sensoriamento remoto; tem recursos naturais, e também tem asociedade civil, tem democracia, tem debate. Vocês podem conversarentre vocês sobre o futuro de seu próprio país sem depender dainfluência de outros”, apontou. Segundo Davidson, o mercado decarbono é atualmente a melhor oportunidade de transferência de recursos“do Norte para o Sul”, dos países mais industrializados para as naçõesem desenvolvimento – principalmente as que têm florestas – mas aindanão é uma “solução completa” para garantir a conservação. “Ocarbono não é biodiversidade, não é conservação, mas tem valor demercado. É um dos únicos instrumentos que temos agora e movimenta muitodinheiro [para investimentos em preservação]”, ponderou. “Talvez outrospaíses também possam ajudar com treinamento, tecnologia, mas a soluçãofica com vocês, com a sociedade civil brasileira”, acrescentou.Davidsonacredita que o Brasil tem papel fundamental na discussão do futuro daregulação das emissões de gases de efeito estufa, que será definidodurante a reunião da Convenção Organização das Nações Unidas sobreMudanças Climáticas em dezembro,em Copenhague, na Dinamarca. “A posição do governo brasileiro é muitoimportante para se chegar a resultados. O Brasil é um dos países chaveporque tem muitas florestas”, afirmou. De acordo com ocientista, apesar de a Amazônia ainda dominar o interesse internacionalpor pesquisas sobre a biodiversidade brasileira, o Cerrado começa aatrair atenções e ser alvo de estudos específicos sobre a contribuiçãodo bioma para a emissão de gases que aceleram as mudanças climáticas,por exemplo. “O estoque de carbono dentro dos solos é enorme,porque o Cerrado é um ecossistema onde as plantas tem raízes muitoprofundas. Mas infelizmente há pouca pesquisa. Há vários estudospreliminares que mostram que existe uma grande perda de carbono do solocom as mudanças no uso da terra na área de Cerrado”, adiantou. Davidsonparticipou hoje (18) de um fórum internacional sobre meio ambiente,paralelo ao 11º Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica).