Jorge Wamburg
Enviado Especial
Novo Hamburgo (RS) - A brigapelo mercado externo de calçados deslocou-se para a cidade italiana de Riva del Gardia, onde se realizou, desábado (6) a terça-feira (9), a Expo Riva Schuh, umadas principais feiras europeias do setor, para apresentar a moda primavera-verão 2010. Lá estavam representadas 25 marcas brasileiras, umaumento significativo em relação ao ano passado, quandoo Brasil teve 17 participantes.Foi asétima vez que fabricantes brasileiros participaram da feira, com o apoio do Brazilian Footwear, Programade Promoção às Exportações desenvolvido pela AssociaçãoBrasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados),sediada em Novo Hamburgo, em parceria com a Agência dePromoção às Exportações eInvestimentos (Apex Brasil), do governo federal.A Itáliaé um importante mercado para o calçado femininobrasileiro. No ano passado, comprou 7,5 milhões de pares, quecustaram R$ 149,2 milhões. De janeiro a abril de 2009, foramembarcados 2,29 milhõesde pares, no total de US$ 36,5 milhões. Na Expo Riva do anopassado, os calçadistas brasileiros venderam US$ 1,4 milhãoa compradores de 35 países. Mesmo coma crise mundial, a Expo Riva é importante para os exportadoresampliarem o relacionamento comercial com os clientes em potencial. O diretorde Marketing de um grande fabricante do setor, Paulo Killing, diz que as vendas externasrepresentam 50% da produção da empresa, que direciona orestante do que fabrica às vendas internas. Ele deixa claro que acrise não está afetando os negócios da fábrica, comoocorre com muitas de suas concorrentes, graças a uma políticade diversificação das vendas que leva sua bandeira paramais de 100 países."Hoje,se fala muito de crise, mas para o calçadista do Vale dosSinos, acostumado a exportar grandes volumes, isso não énenhuma novidade. Já tivemos severas crises, em que o dólarchegou a menos de um real há alguns anos, e váriasempresas fecharam as portas. Depois, tivemos o crescimento muitogrande da indústria calçadista chinesa e, recentemente, odólar teve nova baixa muito forte".Diantedesse quadro, Killing diz que sua empresa adota a estratégia da"perenidade" nos negócios, mesmo diante dainstabilidade de fatores macroeconômicos. Para isso, buscoufortalecer a marca, investindo numa rede própria de varejo eaumentando o valor "percebido" e o própriopreço dos seus produtos."Issofez com que nos descolássemos da competição com oschineses e passássemos a ser vistos no mercado internacional nãocomo um "fabricante", mas sim como uma "marca decalçados". Você pode substituir um fabricante naprateleira, mas não pode substituir tão facilmente umamarca pela qual o seu consumidor procura no ponto de venda". Killingexplica que lá se procura evitar o termo crise. "O que se procura identificar são oportunidadesdentro de um cenário de mudanças e estamosidentificando uma mudança do padrão econômico. Verificamos que havia uma vertente que levava a lojas exclusivas demarcas, como já existe nos Estados Unidos e Europa: grandescadeias varejistas de marcas própria. Decidimos implantar essemodelo no mercado brasileiro, para colocar a marca em contato diretocom o consumidor, eliminando a loja multimarca".Aexperiência começou há cinco anos, no Chile,país escolhido pelas facilidades de acesso e pela estabilidade da economiaalém de "apresentar similaridades com a economia européiae mesmo norte-americana". Depois de três anos, são154 lojas no Brasil e 80 no exterior, o que também serve paradiluir os riscos. "Se o Brasil está passando por ummomento difícil, há outros 100 países que podemestar atravessando momento melhor", avalia Killing."Ocalçado para a mulher é uma paixão", afirma Paulo Killing, lembrando que atualmente isso também vem acontecendo com as bolsas. "E o duro é quesão muito mais caras do que sapato". Segundo ele, mais da metade do movimentoeconômico de varejo mundial venha da moda. "Por isso épreciso reinventar coisas, para alimentar a indústria dodesejo". Por estação, são lançadas, no mínimo, três a quatro coleções, com 500 a 600 modelos cada uma.