Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A explosão ocorrida na sede da Polícia Federal (PF) em Manaus, nodia 27 de fevereiro deste ano, foi um acidente de trabalho. Aconclusão é de perícia feita pelo Instituto Nacional deCriminalística da PF, que foi apresentada nesta sexta-feira (5) nacapital amazonense. De acordo com o superintendente daPolícia Federal no Amazonas, delegado Sérgio Fontes, a explosãofoi causada por oito bombas de fabricação caseira, usadas demaneira criminosa para pesca artesanal. As bombas, que pesavam cercade 4,4 quilos, estavam sendo manipuladas para desarticulação. Naocasião, quatro peritos criminais estavam no local. Três delesmorreram.“Houve um erro dos peritos de achar que haviasegurança suficiente para manipular as bombas naquele local enaquelas condições. Trata-se de uma falha de procedimento. Elesdeveriam ter fotografado o material antes de destruí-lo e depois teranalisado os destroços”, disse Fontes.O laudo pericial,que tem 63 páginas, descartou a hipótese de atentado. Asinvestigações foram feitas com base em exames químicos emfragmentos de objetos que estavam no local e nas imagens recuperadasde dois cartões de memória das câmeras usadas pelos peritosmomentos antes da explosão. No dia do acidente, 15 bombas como asque explodiram estavam no laboratório de bioquímica da PolíciaFederal em Manaus. As sete bombas que não explodiram foram detonadasno dia 2 de março, de forma controlada pela instituição.“Aperícia diz o que explodiu, mas não como explodiu. Não há como.Nossa dedução é que tenha sido pela manipulação das bombas, pormeio de estilete ou chave de fenda. Um desses artefatos pode tergerado uma reação com o material manipulado, que explodiu uma bombae por, um fenômeno chamado 'simpatia', explodiu as outras sete”,acrescentou o superintendente da PF no Amazonas.Em entrevistaà Agência Brasil, o presidente do inquérito policialinstaurado para apurar as causas do acidente, delegado Caio PortoFerreira, disse que, possivelmente, o perito Antônio Carlos Oliveiraera quem manuseava a primeira bomba que explodiu. Segundo o atestadode óbito, ele morreu por anemia aguda hemorrágica, produzida poração térmica e contusa. As outras vítimas, Max Augusto NevesNunes e Maurício Barreto da Silva, tiveram choque neurogênicoprovocado por queimaduras de terceiro grau. Max teve 100% do corpoatingido pelas queimaduras e Maurício sofreu queimaduras de terceirograu em 70% do corpo.“Por causa do nível de suas lesões,tudo indica que o perito Oliveira era quem manuseava os objetos queexplodiram”, disse o delegado Ferreira.O prédio da P F emManaus será totalmente reformado até o fim de 2010. Cerca de R$ 4milhões serão gastos na nova estrutura da superintendência, com oobjetivo de garantir mais segurança, sobretudo nos procedimentosrelacionados com equipamentos perigosos, incluindo os radioativos.