MPF vai apurar possíveis falhas na construção e gestão de barragem no Piauí

29/05/2009 - 13h01

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O MinistérioPúblico Federal (MPF) no Piauí anunciou na manhã dehoje (29) a abertura de uma investigação para apurar ascausas do rompimento da Barragem Algodões I, em Cocal, nointerior do estado, que resultou em cinco mortesconfirmadas e centenas de famílias desabrigadas. Há suspeitas de negligência na condução e manutençãoda obra.“Vamos apurar se essatragédia foi em decorrência apenas do fenômenoda natureza, no caso a chuva, ou se houve fragilidade e inadequaçãona construção da obra. São questionamentos quesó a perícia vai apontar. Temos que ter cautela. Váriosórgãos serão notificados”, afirmou oprocurador-chefedo MPF no Piauí, Kelston Pinheiro Lages.Segundo o governo do estado, há 15 dias, quando a represa atingiu nível máximo, 1,2 mil pessoas foram retiradas do local, por precaução. Elas, entretanto, retornaram na últimasexta-feira (22) por orientação do engenheiro responsávelpela obra, Luís Hernane de Carvalho. A Agência Brasil tentou entrar em contato com o engenheiro por meio de número de telefone fornecido pela assessoria do governo estadual. O celular encontrava-se desligado. “Com certeza isso seráchecado. Essas pessoas foram orientadas para retornar às suascasas e precisamos saber com respaldo em que [voltaram ao local]”,acrescentou Lages. A tragédia,considerada de gravidade inédita na história do estado,deverá resultar em ações de responsabilidadecivil e criminal. “Esses fatos têmdesdobramentos no aspecto cível, de reparação dedanos, e também no aspecto criminal, porque houve vítimase crime de homicídio”, ressaltou Lages. O procurador lembrou ainda que o Piauí, por ser um dos estados mais pobres do Brasil, recebe um grande volume de recursos federais que exige ampla fiscalização de sua aplicação. "A nossa preocupação é que esses recursos sejam aplicados de forma correta para que as obras sejam executadas da forma devida e adequada."