Empresários querem pacote para renovação da frota de caminhões

28/05/2009 - 18h37

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Empresáriosdo setor de transportes defenderam hoje (28) a criaçãode um plano de incentivos fiscais e financeiros para a renovaçãoda frota de caminhões do país. A ideia écolocar nas ruas veículos mais ecologicamente corretos,adequados aos limites de emissões de poluentes regulados peloPrograma de Controle da Poluição do Ar por VeículosAutomotores (Proconve).

Segundodados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT),mais de 60% da frota de caminhões em circulaçãono Brasil tem mais de 20 anos. Além do benefícioambiental, o setor argumenta que a renovação da frotapode gerar aumento da produtividade e redução dosíndices de acidentes nas estradas.

“Para osetor de transporte reduzir emissões é necessárioter equipamentos com boa qualidade e com boa tecnologia e isso sóvai acontecer no Brasil de uma forma mais efetiva, com a retirada dosveículos mais antigos das ruas. A frota brasileira [decaminhões] com mais de 30 anos totaliza mais de 270 milveículos”, afirmou hoje o diretor executivo da CNT,Bruno Batista, durante a oficina Transporte e MudançasClimáticas, organizada por entidades do setor.

O gerenteexecutivo da Volkswagen Caminhões e Ônibus, MauroSimões, citou programas de renovação de frota noMéxico, Alemanha e nos Estados Unidos e afirmou que aindústria automobilística no Brasil está prontapara atender à demanda de caminhões novos para substituir osveículos antigos ainda em circulação.

“Háum ano não havia caminhões disponíveis para arenovação da frota. Hoje, o mercado está pronto”.As emissões de poluentes em um veículo novo chegam aser 5% menores que em caminhões antigos, segundo Simões.

De acordocom o diretor da CNT, o plano – que já foi apresentado aosministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento, Indústriae Comércio Exterior – prevê a retirada escalonada doscaminhões para reciclagem. Em troca do veículo antigo,o proprietário receberia um bônus para comprar um mais novo,com até oito anos de circulação.

ParaBatista, a intenção do governo de tornar obrigatóriaa inspeção veicular – o assunto será pauta deuma reunião extraordinária do Conselho Nacional do MeioAmbiente (Conama) no fim julho – pode ser uma oportunidade para a negociação do pacote para os caminhoneiros.

“Ainspeção veicular tem que ser casada com a renovaçãoda frota, tem que incluir linha de financiamento. Senão, vocêtira muitos caminhões da rua de uma vez e isso pode criarproblemas de oferta de transporte e aumento do preço dofrete”, argumentou Batista.

Asecretária de Mudanças Climáticas e QualidadesAmbiental do MMA, Suzana Kahn, disse que possíveis incentivos àcompra de caminhões devem ser analisados com cautela. “Háo risco de não renovar a frota e, sim, aumentar o númerode veículos em circulação. Tem que havergarantia de sucateamento: à medida que se tem a entrada denovos tem que haver a retirada dos antigos”, avaliou.

A CNTtambém argumentou que a falta de infraestrutura de transportesno país impede que o setor seja mais sustentável.Segundo Batista, a má condição das rodoviaseleva o consumo de combustível e, consequentemente, a emissãode poluentes, por exemplo. A entidade calcula em R$ 280 bilhõeso total de investimentos necessários para melhorar a estruturade transporte no Brasil. Até 2010, o Programa de Aceleraçãodo Crescimento (PAC) prevê a aplicação de R$ 96bilhões em infraestrutura logística, que inclui obrasem rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.