Eletronuclear fará relatório detalhado à Cnen sobre acidente em Angra 2

28/05/2009 - 18h14

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Dentro de 30 dias, aEletronuclear apresentará à Comissão Nacional de Energia Nuclear(Cnen) um relatório detalhado sobre o acidente com material radioativoocorrido dia 15 na Usina Nuclear Angra 2. Segundo o diretor deRadioproteção e Segurança Nuclear da Cnen, Laércio Vinhas, serãoavaliados os procedimentos usados pelo pessoal da Eletronuclear, que,no caso, poderão ser revistos. O treinamento daspessoas envolvidas no acidente também poderá ser intensificado oumodificado, informou Vinhas durante evento no Clube de Engenharia.Vinhas disse que não houve vazamento em Angra 2. “É importanteesclarecer que [o acidente] não foi no prédio do reator, masem um prédio auxiliar, onde as pessoas podem fazer manutenção deequipamentos. Não tem absolutamente nada a ver com o combustível[nuclear]", afirmou. Segundo Vinhas, issopode ser confirmado pelo fato de o reator não ter sido desligado,continuando a operar normalmente. Ele explicou que, nos trabalhos demanutenção realizados no dia 15, uma quantidade reduzida dematerial radioativo entrou no sistema de ventilação. “E odetector localizado numa das chaminés alarmou.”De acordo com o planejamento de emergência, issoé caracterizado como um “evento não usual”. Vinhas confirmouque a Cnen foi avisada de imediato, porque tem seis inspetoresresidentes na área de Angra dos Reis, município onde está situadaa usina. A prefeitura também foi comunicada do fato por telefone, nopróprio dia do acidente. “No primeiro dia útil seguinte, que foi o dia18, foi enviado por fax um relatório que encaminhamosdiariamente para várias autoridades, entre elas a prefeitura deAngra. Nesse relatório, comunicamos que tinha havido um evento nãousual, originado em um aumento de radiação em um dos detectores dosistema de ventilação, que faz parte do sistema de segurança”.O diretor da Cnen admitiu a possibilidade de falhahumana no episódio. “Provavelmente, eles [funcionários]deviam trabalhar em uma sala fechada, e alguém esqueceu uma portaaberta”. Eles estavam esmerilhando uma peça, cujo pó, “emvirtude de não ter sido seguido todo o procedimento adequado”,ficou em suspensão, sendo sugado pelo sistema de ventilação.Vinhas advertiu que a quantidade de material radioativo liberada foimínima em relação aos parâmetros fixados pela comissão, semcausar problemas ao trabalhador, à população e ao meio ambiente.Vinhas ressaltou queprovidências foram tomadas assim que se identificou o local doacidente, com a retirada das pessoas das instalações – elaspassaram primeiro pelo detector de pés, mãos e roupas, paraverificar o nível de radioatividade. “Isso é rotina do trabalho”.Das seis pessoas que estavam na sala, quatro apresentaram algumíndice de contaminação. Eles trocaram de roupa, lavaram as mãos etomaram banho e, depois disse não mais mostraram sinais deradioatividade. Mesmo assim, os quatrofuncionários foram submetidos a testes de inalação de materialradioativo. Como deu um pequeno traço em três, eles foram levadosao equipamento denominado contador de corpo inteiro, para verificar ograu de radiação de fundo. Foi, então, constatada inexistência decontaminação residual."Dentro desse quarto,o nível de radiação é menor do que nós temos aqui”, afirmouVinhas, referindo-se ao Clube de Engenharia, onde participou dehomenagem ao presidente da Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep),Jaime Cardoso.