Deputados do PSDB que assinaram emenda de segunda reeleição podem ser expulsos

28/05/2009 - 18h06

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os deputados do PSDB que assinaram a proposta de emenda à Constituição (PEC), que prevê a possibilidade de uma segunda reeleiçãopara cargos executivos (presidente da República, governadores e prefeitos),apresentada hoje (28) na Câmara, poderão ser expulsos do partido. Aameaça foi feita pelo presidente da legenda, senador Sérgio Guerra (PE). “Sealguém do PSDB assinou, não é do PSDB. Se alguém do PSDB assinou, nãohá necessidade de expulsá-lo [porque] ele não é do PSDB. Uma pessoa doPSDB não assina uma emenda dessa. Essa é, em síntese, a visão dopartido”, disse Guerra. "Os deputados do PSDB, que assinaram PEC para prorrogação do mandato do presidente Lula, serão punidos pelo PSDB. Vão responder a processo no partido", reforçou o presidente do PSDB.No início da tarde, o deputado JacksonBarreto (PMDB-SE) protocolou na Câmara sua PEC, que prevê apossibilidade de terceiro mandato para cargos executivos. Segundo ele,a proposta foi assinada por 194 deputados. Dessas assinaturas, 15 seriam deparlamentares da oposição, sendo 11 do DEM e quatro do PSDB. Ainformação ainda não foi confirmada pela Secretaria-Geral da Câmara. Parao presidente do PSDB, a PEC é um “golpe” à democracia. “Esse projeto éuma palhaçada. É uma ação de gente que não tem conteúdo democrático enão tem responsabilidade pública”, disse.Guerra também rejeitou osargumentos de que a alteração constitucional também beneficiaria osgovernadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). “Não usamosargumentos sem-vergonha. Isso é um golpe contra a democraciabrasileira”, afirmou.Questionado sobre a semelhança entre oexpediente usado pelos próprios tucanos na ocasião da aprovação doprojeto que permitiu a reeleição, que beneficiou o ex-presidenteFernando Henrique Cardoso, Sérgio Guerra argumentou que a situação é“completamente diferente”.“O presidente Fernando Henrique, em umdeterminado momento da história pública do Brasil, aprovou no Congressoo direito à reeleição. Ora, os processos de reeleição são aceitos nasdemais democracias do mundo inteiro, são até normais”, disse. “O povo,o Congresso, a sociedade, todos sabiam que quatro anos era um períodorestrito para que o presidente fizesse um mandato e chegasseadequadamente à produção administrativa desse mandado”, completou otucano.Ele disse ainda que o instrumento da reeleição não foi bem sucedido e que o ideal seria um mandado mais longo.