Associação de mães de vítimas da violência denuncia tortura em presídio do Espírito Santo

18/05/2009 - 19h21

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Além da manutenção de pessoas presas em contêineres, da ocorrência deesquartejamento dentro de presídios, em consequência da ausência doEstado no sistema carcerário do Espírito Santo, conforme admitido pelo ConselhoNacional de Justiça (CNJ), surge mais uma denúncia sobre a situação dos detidos no estado. Segundo a presidente da Associação de Mãese Familiares de Vítimas da Violência no Espírito Santo (Amafase), Mariadas Graças Nacort, ocorre tortura policial na Casa de Custódia de Viana, município próximo de Vitória, capital do estado.De acordo com Maria das Graças, no Dia das Mães (10), quando terminou o horário de visitas, houve espancamento de pessoas presas e disparode tiros (inclusive contra a mão de encarcerados) no Pavilhão nº 4.Conforme relato de Maria das Graças à Agência Brasil, as agressõespartiram de um sargento da Polícia Militar. “Pegaram o preso, mandaramajoelhar, espancaram, e o sargento mandou a guarda entrar”, contou a presidente da associação, que disse ter ouvido o relato de um dos presos hospitalizados dois dias depois do incidente.Mariadas Graças disse que a administração dopresídio não tem controle desse local . “Está tudo aberto, os presos vivem soltosdentro do pavilhão”. Foi Maria das Graças quem denunciou, no mês passado, a ocorrência dosesquartejamentos ao Conselho Nacional de Política Criminal ePenitenciária. Segundo ela, os corpos esquartejados desapareceramdentro dos presídios.Segundo a presidente da Amafase, nas celas que são contêineres dopresídio de Novo Horizonte, no município de Serra (também na GrandeVitória), há dois prisioneiros que ficaram cegos, feridosdentro da cadeia. “No momento em que uma pessoa está presa, está sobcustódia do Estado, não é para ser torturada”, afirmou. “Isso sempreaconteceu. Nosso estado é um estado sem lei e sem justiça.”Maria das Graças disse que tem fotose documentos que comprovam o que denuncia e que não tem medode ser perseguida pela informações. “Sei de todos os riscos que estoucorrendo, não posso ser omissa. Uma mulher marcada para morrer não podeperder um segundo da vida”, afirmou. No próximo mês, vão a júri quatropoliciais acusados de ter executado, há dez anos, um filho de Maria das Graças.