Agressões físicas e tráfico estão presentes na rotina das escolas do DF, aponta pesquisa

06/05/2009 - 18h28

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Quase 70% dos alunosdas escolas públicas do Distrito Federal jápresenciaram alguma agressão física no ambiente escolare 15% já foi vítima desse tipo de violência. Esseé um dos resultados apontados por uma pesquisa sobre violêncianas escolas divulgada hoje (6) pela Secretaria de Educaçãodo Distrito Federal e pela Rede de Informação TecnológicaLatino-Americana (RITLA). Cerca de 10 mil questionários foramaplicados a professores e estudantes do ensino fundamental e médio.A pesquisadora MiriamAbromovay, que coordenou o estudo, acredita que a realidade do DF seaplica a todo o país. “Esse estudo de caso é local,mas ele acontece em muitas capitais, municípios e estados do país. Essa éuma situação que existe em todos os lugares. Sãosituações não específicas do DF”,defende.O estudo detectou apresença de diferentes formas de violência nas escolas,desde agressões verbais até o tráfico de drogase o porte de armas. Quase um quarto dos alunos diz já ter visto alguémportando arma de fogo na escola. Nas unidades de ensino localizadas nas cidades-satélites de Brasília, os índices chegama 30%. E 3% dos estudantes afirmaram já terlevado arma de fogo para a escola. “Na questão de violência,todo 1% é um dado importante”, avalia Miriam.A presença dotráfico dentro e ao redor da escola também é umdos problemas apontados pelo estudo. Mais de um terço dosprofessores e 23% dos alunos sabem da existência ou jápresenciaram a situação. “Mas o que mais chamaatenção, além de todos esses problemas, éo a microviolência que se dá nas relaçõessociais. A discriminação e o preconceito, seja entreraças, pela condição social, pelo jeito de sevestir ou mesmo a homofobia são muito presentes”, destaca a pesquisadora. Segundo Miriam, apesquisa aponta que “o clima escolar não é defelicidade, mas de muito preconceito e briga”. “Nesse contexto deviolência a educação não pode melhorar”,avalia. Apesar dos aspectos negativos levantados pelo estudo, osalunos têm uma percepção positiva sobre a escolae estão dispostos a modificar o ambiente. Mais de 70% acreditamque vão continuar estudando e posteriormente conseguirão um bomtrabalho.“O importante nãoé só fazer o estudo, mas agora transformá-lo empolíticas públicas. Conseguimos detectar o problemapara saber o que fazer. Mas eles têm esperança de um futuromelhor, estudar é muito importante para eles e é fundamentallevar isso em consideração na formulaçãodas políticas”, diz Miriam.No ano passado, asecretaria lançou um projeto específico para enfrentara questão da violência nas escolas públicas doDF. O estudo encomendado à RITLA vai subsidiar as açõesda Política de Promoção da Cidadania e daCultura da Paz. Outro aspectoinvestigado pela pesquisa é o uso da internet como instrumentopara a violência. Mais de 36% dos alunos afirmaram játerem sofrido ciberviolência e 17,3% dizem ter praticado essetipo de violência. Xingamentos, invasão de e-mail epublicação indevida de imagens estão entre asocorrências mais citadas por estudantes e professores.“Nós pudemosperceber que os alunos são vítimas, mas tambématores desse processo. Os professores também têm muitasqueixas sobre o uso incorreto da internet. Ou seja, o acesso àinternet é importante, mas eles precisam ser orientados sobreo mau uso dessa ferramenta e possíveis conseqüências”, disse.O estudo completo estádisponível no site da RITLA.