Déficit em transações correntes resulta de "remessa forte" de lucros e dividendos, diz BC

22/04/2009 - 14h41

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O resultado negativo em transações correntes registrado em março, um déficit de US$ 1,645 bilhão, “retrata uma remessa muito forte de lucros e dividendos” registrada no período, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes. O resultado negativo foi superior ao esperado pelo BC para o mês (déficit de US$ 1 bilhão). Em março, a filial de uma instituição financeira no país remeteu cerca de US$ 600 milhões para a matriz no exterior. Mas, no mesmo mês, a instituição financeira comprou e capitalizou uma seguradora no Brasil. No mês passado, o investimento estrangeiro direto (caracterizado pelo interesse duradouro do investidor na economia) no Brasil chegou a US$ 1,444 bilhão, mas a previsão do Banco Central era de US$ 2,5 bilhões. O resultado se deve a retornos ao exterior de investimentos feitos no Brasil com a venda do postos de combustíveis Texaco para a Ultra e de uma processadora de cartão de crédito. Segundo Altamir Lopes, “foram retornos expressivos”, que não estavam previstos quando foi feita a projeção para o mês passado.  De acordo com ele, esses retornos de investimentos não indicam tendência de saída de investidores estrangeiro do país, uma vez que “essas operações já vinham sendo negociadas”. Além disso, destacou Lopes, são empreendimentos que não foram fechados no país, mas somente vendidos. De janeiro a março deste ano, o investimento estrangeiro direto chegou a US$ 5,342 bilhões, o menor resultado para o período desde 2006. “É mais do que suficiente para financiar o déficit em conta corrente”, argumentou Lopes. No primeiro trimestre, o déficit em conta corrente chegou a US$ 5,020 bilhões. Neste mês, até hoje (22), o investimento estrangeiro direto está em US$ 2 bilhões e a expectativa é fechar abril em US$ 2,3 bilhões. A projeção para o déficit em transações correntes neste mês é de US$ 1,3 bilhão. Segundo Lopes, houve uma ajuste nas contas porque a dívida externa caiu e com isso há menos pagamento de juros. De acordo com ele, que mais influencia as transações correntes atualmente é a remessa de lucros e dividendos, que deve se “acomodar”.Em março, a dívida externa total estimada chegou a US$ 192,6 bilhões, com redução de US$ 3,2 bilhões em relação à posição estimada em fevereiro deste ano. Segundo o BC, as empresas estão pegando menos financiamentos no exterior e reduzindo a rolagem dos empréstimos.