Setor produtivo acredita que PIB crescerá menos de 1,5%, mostra estudo do Ipea

16/04/2009 - 12h03

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesarde estar menos apreensivo com os rumos da economia brasileira, osetor produtivo, pela primeira vez este ano, tem expectativa decrescimento do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo de 1,5%. É oque indica a pesquisa Sensor Econômico, divulgada hoje(16) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).Noestudo apresentado no mês passado, a expectativa ainda estava nafaixa de 1,6% a 4,0%. Na pesquisa, as entidades consultadas podiamainda optar pelas alternativas de 0 a -1,5% ou decréscimomaior do que -1,5, além de crescimento acima de 4%. Essa éuma das 24 perguntas objetivas do Sensor, que está naterceira edição.Com base nessas questões,as expectativas são divididas em escalas que vão de+100 a -100 pontos. As avaliações sãoclassificadas em otimismo (de +100 a +60 pontos), confiança(de +60 a +20), apreensão (de +20 a -20), adverso (de -20 a-60) e pessimismo (de -60 a -100). Nogeral, a projeção do setor produtivo para o PIB éde apreensão (13,3 pontos) em março e para asexportações a expectativa é adversa (-27,2pontos), por conta da redução do comérciointernacional. As entidades consultadas também nãoesperam alta da inflação e há expectativa dequeda na taxa básica de juros, a Selic, de 0,5% a 3% nospróximos 12 meses. Segundo o Ipea, aavaliação mensal revela que o indicador geral para aatividade econômica passou de 4,36 pontos, na pesquisa feita emfevereiro, para 4,57 pontos, em março, o que “aponta pequenamelhora”. Em janeiro, esse indicador ficou em 6,78 pontos. Foramconsultadas 115 entidades empresariais da agricultura, indústria,comércio e serviços e de trabalhadores. Esse conjuntorepresenta em torno de 80% do PIB brasileiro, de acordo com o Ipea.Deacordo com o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, a pesquisa indicaque o setor produtivo tem uma perspectiva “menos desfavorável”para a economia, enquanto o setor financeiro, em pesquisa semanal doBanco Central, mostra-se mais “conservador” e “negativo”. Apesquisa do Ipea projeta crescimento da economia até 1,5%,enquanto analistas de mercado consultados pelo BC estimam retraçãodo PIB. Para a inflação, medida pelo Índice dePreços ao Consumidor Amplo (IPCA), nessa mesma comparaçãoas expectativas são de até 2,5% e 4,32%,respectivamente.Deacordo com Pochmann, o setor financeiro representa cerca de 7% doPIB. Para o presidente do Ipea, as empresas e famílias aindaestão avaliando os efeitos da crise e adiando investimentos.“Ainda temos um quadro de adversidade.”