Burocracia e corrupção são fatores que dificultam ambiente de negócios no Brasil, diz relatório

16/04/2009 - 17h09

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Burocracia excessiva, corrupção, atraso em investimentos em infra-estrutura e ineficiência da força de trabalho são alguns dos fatores que dificultam o ambiente de negócios no país, de acordo com o Relatório de Competitividade Brasil 2009 do Fórum Econômico Mundial. O documento foi lançado hoje (16), último dia da edição latino-americana do Fórum.“Osfatores que geram mais problemas para o Brasil são históricos”,resume Carlos Arruda, professor de Inovação e Competitividade daFundação Dom Cabral, instituição co-responsável pelo relatório.  Opaís está em 64º lugar entre os 134 que constam do ranking decompetitividade global do Fórum de 2008-2009, o que revela uma piora emrelação ao período 2005-2006, quando o Brasil ocupava o 59º lugar no Índice de Competitividade Global.Entreos chamados doze pilares de competitividade, o pior desempenho é o daestabilidade macroeconômica (122ª posição no ranking mundial). Oambiente institucional também está entre as grandes desvantagens dopaís (91º lugar). “Temos no Brasil uma história de instituições frágeise uma tradição de clientelismo. Isso vem sendo superado, mas aindaestamos na adolescência, não somos confiáveis nem aos olhos externosnem sequer no nosso próprio julgamento”, avaliou Cláudia Costin, secretária de Educação no município do Rio de Janeiro, que também contribuiu com o relatório.Ofortalecimento das instituições, segundo ela, é essencial para apromoção da competitividade. Nesse sentido, é necessário enfrentarquestões como desperdício de dinheiro público, corrupção, má gestãopública, falta de transparência na formulação de políticas públicas,falta de independência das agências reguladoras e baixa qualidade doensino básico, com ênfase excessiva em humanidades em detrimento daformação técnica.“Umplano de ação para promover a competitividade deve continuarconsolidando a democracia e o império da lei, desburocratizar o Estadoagressivamente, desenvolver instrumentos para medir o impacto daspolíticas públicas, continuar combatendo a pirataria e profissionalizaras agências reguladoras para garantir sua independência”, enumera. Cita, ainda, fatores como a definição clara dos papéis dos governosfederal, estadual e municipal, o realização da reforma política e auniversalização do acesso ao ensino médio, entre outros.Coordenador do Núcleo de Infra-estrutura e Logística da Fundação DomCabral, Paulo Resende, defende mais investimentos em infra-estrutura. No seuentendimento, o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governofederal não dá conta das demandas do país. “O PAC não vai resolvernossa questão de crescimento. Ele não vai acelerar nada, é um programa de recuperação de crescimento”, avalia.Comoexemplo, menciona que a necessidade do país em linhas de distribuiçãode energia, por exemplo, é de investimentos da ordem de US$ 10 bilhões,e o PAC prevê apenas US$ 5,6 bilhões. Em rodovias, o PAC prevê US$ 14bilhões, frente a uma necessidade de US$ 25 bilhões. Em portos, háinvestimentos previstos de US$ 5 bilhões e são necessários US$ 15 bilhões. “Os projetos de infra-estrutura precisam ter continuidade no longo prazo, não interessa quem será o próximo presidente do Brasil”, recomendou Paulo Resende.Apesardas carências, o Relatório de Competitividade do Fórum EconômicoMundial revela que o Brasil tem, como pontos a seu favor, a capacidadede inovação e, principalmente, o tamanho do mercado.“Apesarde todos os problemas institucionais, o Brasil é um país atraente parainvestimentos, é um país favorável aos negócios tanto das empresasestrangeiras quanto brasileiras”, concluiu  o professor de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral Carlos Arruda.