Plano habitacional pode levar bancos a oferecer produtos para os mais pobres, diz especialista

14/04/2009 - 7h00

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O plano habitacionalMinha Casa, Minha Vida, lançado pelo governo, aliado à baixaesperada na taxa básica de juros (Selic), deverá levar,a longo prazo, os bancos privados a oferecer produtos destinados àclasse baixa. A avaliação é do vice-presidenteda Associação Nacional dos Executivos de Finanças,Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel deOliveira. “Acredito que apósuma normalização do mercado, com a Selic continuando acair, essa concorrência deverá se estabelecer a médioe longo prazo. Há um grande déficit habitacional nessacategoria. Além disso, é um público que demandapor muito crédito e para o qual os bancos teriam interesse emvender outros produtos como títulos de capitalização,consórcios e planos de previdência, por exemplo”,explicou.Antes de o Brasil sentiros efeitos da crise financeira mundial no último trimestre de2008, a concorrência no mercado de financiamento imobiliárioera acirrada, principalmente para imóveis destinados àclasse média. “O que não se via era produto para aclasse mais pobre. A classe média, para as instituiçõesfinanceiras, é um público muito interessante porquefica fidelizado por mais tempo. A crise interrompeu o processo deaumento de prazos e de taxas cada vez menores. Agora, a gente jácomeça a ver os bancos preparando campanhas para financiarnovamente”, destacou. A curto prazo, naavaliação de Miguel de Oliveira, o plano habitacionaldo governo precisa ainda vencer barreiras importantes para começara ter efeito. “Por enquanto é muita promessa. Na práticanada aconteceu ainda. Se for implementado da forma que foi falado,vai haver um barateamento do crédito, tanto na áreados seguros, que encarece muito a questão do empréstimo,quanto no próprio financiamento de baixos valores,principalmente para as classes mais baixas da população.Um dos entraves, naavaliação de Miguel de Oliveira, é a questãodos terrenos que envolve, neste caso, fatores políticos. “Comoesse plano está atrelado à disponibilidade de terrenos que deveráser indicada pelas prefeituras, os parceiros dogoverno, há um fator político. Nas grandes cidades, nãose encontram mais terrenos em áreas próximas e isso éum entrave para o governo viabilizar a implementação doplano. Por enquanto, é uma promessa de que o governo vaidisponibilizar um volume grande de recursos para atender as pessoasmais carentes, permitindo prestações baixas, mas aindanão aconteceu nada”, destacou.Ontem, ao comentar oinício do cadastramento de interessados no programa MinhaCasa, Minha Vida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silvaadmitiu que o pacote precisa de um “tempo de maturação”para que a população possa perceber os primeirosresultados. “É um desafio para o governo, para asprefeituras, para os estados, para os empresários”. Ogoverno federal começou a registrar pessoas que queremcomprar casas e também projetos de empresas para a construçãodas moradias.