Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A possibilidade de adesão dos Estados Unidos ao Protocolo de Quioto, ou a um novo acordo que venha a substituí-lo a partir de 2012, pode dobrar o tamanho do mercado mundial de crédito de carbono. “E, fatalmente, o Brasil, como líder desse mercado, seria beneficiado”, afirmou hoje (7) à Agência Brasil o presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (Abemc), Flávio Gazani. O mercado de carbono faturou, no ano passado, cerca de US$ 118 bilhões.
Ele acredita que o aumento na demanda dos créditos pode possibilitar a implementação de muitos projetos do chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil. Ainda se ignora, contudo, como ocorrerá a entrada dos Estados Unidos e se o país deve adotar um sistema de transações de crédito de carbono, como existe na Europa atualmente e que foi o gerador da demanda pelos créditos que são gerados hoje no Brasil. Gazani informou que também não há certeza ainda se os Estados Unidos vão fixar algum tipo de imposto sobre emissões de carbono para as companhias americanas.
No final do ano, na reunião sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) prevista para ocorrer em Copenhague, na Dinamarca, os Estados Unidos deverão se pronunciar sobre as medidas para conter o aquecimento global e reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa. Pelo movimento observado no Congresso norte-americano, porém, a percepção do presidente da Abemc é que a decisão dos Estados Unidos deve demorar pelo menos cerca de dois anos.
A nova administração do presidente Barack Obama já demonstrou de forma clara que pretende lidar com a questão de mudanças climáticas de forma séria, afirmou Flávio Gazani. “Inclusive, já pediu ao Congresso que comece a trabalhar alguma legislação nesse sentido”. Quanto à entrada do país no Protocolo de Quioto, “há controvérsias internas”. Avaliou que nesse momento de crise financeira, os americanos vão cobrar muito do presidente qualquer tipo de atitude ou lei que venha a impor custos ou colocar em risco a vantagem competitiva das empresas no país.
A perspectiva geral, segundo relatou o presidente da Abemc, é que o Protocolo de Quioto seja substituído por um novo acordo mundial. “Esse novo acordo deve ser alcançado no final do ano, em Copenhague. Isso foi decidido há dois anos, na conferência em Bali, na Indonésia”. E significa que a partir de 2012, quando expira o Protocolo de Quioto, passaria a vigorar um novo acordo global sobre mudanças climáticas.