Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As emissões de carbono provenientes do desmatamento são significativas e colocariam o Brasil, caso fossem contabilizadas, na quarta ou quinta posição entre os maiories emissores de carbono do Mundo. Por causa disso, segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (Abemc), Flávio Gazani, os paísesindustrializados deverão exercer forte pressão paraincluir os projetos de conservação florestal no novoacordo que deverá substituir o Protocolo de Quioto, a partirde 2012. “Por isso, eu acho que o país vaisofrer uma pressão muito grande nas próximasnegociações”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.
Para o presidente daAbemc, as nações industrializadas procuram incluir essetipo de projeto no protocolo “mais preocupadas com a nossafloresta, ainda com grandes áreas preservadas. Porque as suas[florestas] quase não existem atualmente”.
O governo brasileiro écontra a inclusão dos projetos de conservaçãoflorestal no acordo, por uma questão de soberania nacional,explicou Gazani. “A posição do Itamaraty tem sidohistoricamente contra a inclusão de projetos de desmatamentoou de conservação florestal. Até por receio dealgum tipo de moção anti-desenvolvimentista,conservacionista, imposta ao nosso país”, afirmou.
Nenhum paíspode, atualmente, incluir projetos de conservaçãoflorestal no Protocolo de Quioto como projetos de reduçãode emissões de gases poluentes, o chamado Mecanismo deDesenvolvimento Limpo (MDL). O protocolo permite apenas duasmodalidades de projetos de MDL na área florestal:reflorestamento de áreas degradadas ou aflorestamento, ouseja, o plantio em áreas que nunca tiveram árvores.“Conservação florestal, ou desmatamento evitável,não é elegível como projeto de MDL”, disseFlávio Gazani.
Os projetos que nãosão aceitos pelo Protocolo de Quioto são aceitos pelomercado voluntário, que funciona em paralelo ao mercadoregulado, e é movido pelas iniciativas de empresas que têmmedidas voluntárias de redução de emissão.
Um exemplo é oprojeto do governo do Amazonas que recebeu financiamento do Bradesco,por meio do programa Banco do Planeta. Foi criada a FundaçãoAmazonas Sustentável, considerada uma ferramenta fundamentalna implementação da Política Estadual deMudanças Climáticas no estado. Ela tem por objetivocombater o desmatamento, além de contribuir para a construçãode uma relação harmônica entre o homem e afloresta, por meio da promoção de projetos de usosustentável dos recursos florestais.
O novo tratadoclimático que substituirá o Protocolo de Quioto deveser concluído até dezembro próximo, na reuniãoda Organização das Nações Unidas,programada para ocorrer em Copenhague, na Dinamarca.