População envelhece e aumenta número de internações no SUS por fraturas no fêmur

05/04/2009 - 14h23

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram um crescimento significativo da participação depessoas com mais de 65 anos na formação da sociedadebrasileira. De acordo com o IBGE, a relação atual, decerca de 25 idosos para cada grupo de 100 crianças eadolescentes até 14 anos, deverá mudar para 173idosos para cada grupo de 100 crianças e adolescentes. Conforme asprojeções, a idade mediana da populaçãoficará em torno dos 46 anos daqui a quatro décadas. Amudança em curso exigirá, em curto prazo, aadoção de novas políticas públicas nasáreas de saúde, assistência e previdênciasocial. “O Brasil caminha velozmente rumo a um perfil demográficomais envelhecido, fenômeno que, sem sombra de dúvida,implicará adequações nas políticassociais”, mostra o IBGE no estudo. “O envelhecimentoda população é um fato que deve ser comemorado,porque estamos evitando mortes prematuras”, afirma o médicoe pesquisador José Luiz Telles, diretor do Departamento deAções Programáticas e Estratégicas emSaúde do Ministério da Saúde.Antes mesmodo cenário projetado, os sinais de envelhecimento populacionaljá eram percebidos. Entre 2005 e 2008, aumentou em 8% onúmero de internações hospitalares na rede doSistema Único de Saúde (SUS) por causa de fraturas defêmur. No ano passado, foram 32.908 internaçõespor esse motivo. Segundo o Ministério da Saúde, afratura do fêmur, maior osso humano, é uma das causasmais relevantes de mortalidade de idosos – quase um quarto dasmortes nessa faixa está relacionado a quedas.As fraturas expõem um problema de saúdepeculiar em pacientes idosos, a osteoporose, doença causadapela carência de cálcio no organismo. Com o avançoda idade, a chamada massa óssea diminui, os ossos ficam maisporosos, mais frágeis e vulneráveis a fraturas. Otratamento exige a administração de remédios queregulam a quantidade de cálcio e propiciam o equilíbrioorgânico da substância. No ano passado, o Ministérioda Saúde gastou cerca de R$ 39 milhões com medicamentospara tratamento da osteoporose. José Luiz Telles acrescenta que osedentarismo, uma dieta com poucos nutrientes (pobre, por exemplo, emcálcio), o consumo de álcool e o tabagismo favorecem aosteoporose. O médico prescreve boa alimentaçãoe estímulo à atividade física para evitar a doença. Além de recomendações quantoà dieta e às atividades físicas, idosos efamiliares devem ter cuidado com os espaços onde transitam osidosos. O Ministério da Saúde mantém em seusite www.saude.gov.br o Guia Prático do Cuidador,com dicas para adaptações ambientais.Além do cuidado com a saúde e daspolíticas de seguridade social, o envelhecimento da populaçãovai exigir melhor planejamento urbano e investimentos na adequação dos passeios públicos e áreas de lazer, e no acesso aotransporte coletivo, postos de saúde e hospitais. “Não há preocupaçãocom a prevenção de acidentes ou com a acessibilidade dapessoa idosa”, reclama o presidente da organizaçãonão-governamental (ONG) Cidadão Brasil, TonyBernstein,que mantém na internet o sitewww.portalterceiraidade.org.brcom informações do interesse de pessoas com mais de 65anos“As cidades são o reflexo de como asociedade trata a velhice”, observa o médico JoséLuiz Telles, que também preside o Conselho Nacional deDireitos da Pessoa Idosa. “A sociedade não estápreparada para a velhice, o que explica valores negativos quealimentam descaso e negligência”, acrescenta Telles, aocomentar a situação das calçadas, rampas, bancosde praça e da segurança pública nas cidadesbrasileiras.