Justiça marca novo leilão do prédio da Manchete no Rio de Janeiro

03/04/2009 - 19h26

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A juíza Maria da Penha Victorino, da 5a Vara Empresarial do Rio de Janeiro, marcou para o próximo dia 12 de maio o novo leilão do prédio onde funcionou a sede do Grupo Bloch. O imóvel, um imponente prédio projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, na Praia do Flamengo, teve preço mínimo estipulado em R$ 41,7 milhões. Uma tentativa anterior não foi bem sucedida, porque o comprador acabou não honrando o lance.O leilão é mais um capítulo na verdadeira novela judicial que se transformou o processo, iniciado com a falência do grupo, em 2000, e que deixou milhares de ex-empregados sem receber os direitos trabalhistas.De acordo com o presidente da Comissão dos Ex-empregados do Grupo Bloch, Vadho Jr, mais de duas mil pessoas aguardam o novo leilão para receber as indenizações.“Acredito que desta vez vá dar certo. Tem muita gente interessada, inclusive firmas de São Paulo. Entrando esse dinheiro, este ano mesmo já podemos pagar os ex-funcionários”, disse Vadho.Ele lembrou que, por causa da demora no processo, muitos já faleceram e agora as famílias aguardam para receber as indenizações: “Tem senhoras viúvas que me ligam chorando, desesperadas porque não têm mais condições de se sustentarem”.O Grupo Bloch de comunicação chegou a ser o segundo em tamanho no Brasil, com rede de televisão, rádios, editora de vários títulos de revistas e uma gráfica na época considerada a mais moderna do país. O carro-chefe era a revista Manchete, que circulou de 1952 a 2000, atingindo uma tiragem de 800 mil exemplares.Para a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio, Suzana Blass, o mais importante é assegurar o leilão e garantir que os ex-funcionários tenham preferência no recebimento do dinheiro apurado, pois além de dívidas trabalhistas a massa falida acumula enormes débitos fiscais com a União.“É fundamental que esse leilão aconteça e que haja viabilidade da venda do prédio. É a única esperança das pessoas - que saíram de lá sem nada - têm para receber as indenizações. A prioridade deve ser garantir o pagamento dos funcionários”, afirmou a presidente do sindicato.Em outro leilão, ainda sem data marcada, também será colocado à venda o acervo fotográfico e de exemplares das revistas do grupo, que segundo Vadho Jr, pode alcançar até R$ 2,5 milhões. Ele estima que o total de dívidas trabalhistas seja de R$ 35 milhões, com mais R$ 25 milhões em débitos fiscais.