Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz, disse hoje (30), que a estatal “está mais ou menos blindada” contra a crise financeira. Ao comentar o lucro de R$ 6 bilhões, anunciado na sexta-feira (27), ele comemorou o crescimento das distribuidoras do Norte e Nordeste e afirmou que entre os desafios para 2009 está o pagamento de dividendos de R$ 9,3 bilhões, acumulados nos últimos 30 anos.“Estamos mais ou menos blindados contra a crise", afirmou à imprensa. "Negociamos contratos de longo prazo, o que nos deu essa condição de, na crise, termos um caixa mantido e uma reserva para os dividendos, de forma que os planos de antes da crise continuam.” A previsão de investimentos da estatal em 2009 é de R$ 7,2 bilhões.Muniz disse que o objetivo é dar conta da crescente demanda por energia. Ele afirmou que não há risco de apagão, mas que é preciso aumentar a oferta para evitar racionamento, como ocorreu em 2001.“Temos que ter muito cuidado com isso. Ninguém sabe exatamente o tamanho dessa crise nem quando ela vai acabar”, afirmou. “Entendo que não devemos abandonar o que está programado. Essa é minha opinião pessoal”, destacou.A Eletrobrás fechou 2008 com um lucro 296% maior que o ganho de 2007. Boa parte do resultado é proveniente do desempenho das distribuidoras do Norte e Nordeste, que tiveram um crescimento de 104% de um ano para o outro. As companhias registraram lucro de R$ 53 milhões, contra perda de R$ 1,17 milhão, em 2007.Para o presidente da estatal, a gestão criteriosa das distribuidoras foi um dos fatores responsáveis pelo lucro. Segundo ele, a Eletrobrás contratou técnicos para os cargos de diretoria, evitando a nomeação de “apadrinhados políticos”.“Não diria que teve má gestão no passado, diria que a gestão que entrou é profissional e conhece bastante o setor”, completou o diretor de Distribuição da Eletrobrás, Flávio Decat.Para o ano, o presidente da estatal pretende quitar os dividendos de R$ 9,3 bilhões. A maior parte da dívida é com o governo, sendo 54% com o Tesouro Nacional e 15% com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Aos acionistas minoritários, a estatal deve R$ 2 bilhões (20%), que não podem ser pagos separadamente. O restante pertence a fundos.De acordo com Muniz, a negociação do pagamento é lenta porque envolve vários setores, entre eles os Ministérios da Fazenda e do Planejamento. “São vários entraves. Estamos trabalhando para buscar uma saída de manhã, de tarde e de noite”, afirmou.