Manifestação em São Paulo pede fim das demissões no Brasil

30/03/2009 - 16h14

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - As centrais sindicais e os movimentos sociais fizeram hoje (30), em São Paulo, uma manifestação contra a crise econômica mundial e contra as demissões que ocorrem no Brasil. Com faixas pedindo a estabilidade no emprego, redução da jornada de trabalho e reforma agrária e contra a redução de salários e de direitos dos trabalhadores, os milhares de manifestantes pararam duas faixas da Avenida Paulista e provocaram confusão no trânsito ao caminharem até a Praça da Sé, no centro da capital, passando antes pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).A manifestação na capital paulistana teve início em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e faz parte do Ato Internacional Unificado contra a Crise que ocorre também em vários municípios do Brasil. A organização do movimento estima que 10 mil pessoas tenham participado do ato. A Polícia Militar contabiliza 2 mil participantes.“Todo o movimento social, independente de posição, de divergência, hoje está unificado nas ruas para poder se manifestar contra a crise, que não é do Brasil”, disse Ana Letícia Oliveira Barbosa, presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes) em São Paulo.O pedreiro José Francisco Santana, carregando o seu filho de 1 ano e 7 meses no colo, era uma das pessoas que acompanharam a passeata para protestar contra o desemprego. “Nós precisamos de emprego e de moradia. Muitos amigos meus já ficaram desempregados”, afirmou.Alguns manifestantes participaram do evento de hoje fantasiados. Este foi o caso da empregada doméstica Aline dos Santos Silva, que se vestiu de operária para representar os milhares de “trabalhadores que perderam seus empregos e não têm como sustentar a família”. Mas além de operários, também haviam manifestantes vestidos de Cuca (personagem criada pelo escritor Monteiro Lobato para o Sítio do Picapau Amarelo) e de Tio Sam, representando os Estados Unidos.Segundo o coordenador da Intersindical, Arlei Medeiros, a manifestação “é um recado para a elite do nosso país”.“Os trabalhadores não vão pagar por essa crise. As empresas lucraram muito nos últimos cinco anos. É preciso ter política pública para que compense esse momento de baixa produtividade e é preciso que as empresas que lucraram muito não tenham uma política perversa de descontar isso nos trabalhadores”, afirmou Medeiros.Para ele, um dos grandes problemas da crise no Brasil é o tipo de modelo de desenvolvimento nacional, muito concentrado no setor automobilístico. “Temos um peso muito grande da cadeia automobilística no mercado de trabalho e isso impacta diretamente nos trabalhadores. Precisamos diversificar mais o mercado, investir em trabalho público coletivo, na produção de alimentos, na produção de commodities, em tecnologia, em serviço público de qualidade e abrir concursos públicos”, defendeu.Participaram do movimento representantes da Conlutas, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Marcha Mundial de Mulheres, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da União Nacional dos Estudantes (UNE), da Força Sindical, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Intersindical.