Economistas avaliam que pacote tributário vai aquecer a demanda interna e gerar emprego

30/03/2009 - 19h46

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O economista Rogério Sobreira, da Fundação Getulio Vargas(FGV), disse hoje (30) que as medidas anunciadas pelo governo na áreatributária têm o objetivo, na sua opinião, de manter a demanda interna aquecida. “Aspessoas estão recalcitrantes ante a situaçãoeconômica e se você não der algum tipo deincentivo, elas não vão continuar comprando comocompravam no passado”, avaliou. Sobreira acredita que essa análise levou o governo a concluir que era necessário manter os incentivos fiscais que deu no iníciodo ano e que mostraram resultados positivos. “Isso mostra tambémque o quadro não está resolvido. Quando o governoestende o incentivo, está sinalizando que a situaçãonão está ainda normalizada e ele está adotandopolíticas compensatórias para que a economia nãosofra substancialmente os efeitos da crise externa”, observou. O economista se refere à prorrogação, por mais três meses, da redução do Imposto sobreProdutos Industrializados (IPI) para a compra de automóveis e da alíquota zero do IPI para osprincipais itens de materiais de construção. O governo também manteve a isenção da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para motos e aumentou a tributaçãoincidente sobre cigarros. Para o economistaGabriel Santini, da Federação do Comércio doEstado do Rio de Janeiro (Fecomércio/RJ), a medidagovernamental é positiva, principalmente, para o setorda construção civil. Santini lembrou que o crescimento daconstrução civil impacta diretamente no aumento darenda para as camadas mais pobres, com reflexos favoráveis àgeração de emprego. “Esse é um mecanismo detransmissão muito importante e eficiente porque o aumento doemprego na construção civil gera mais emprego também no comércio, através do consumo. Sãoduas pontas que interagem. Se há desoneração do imposto, tem diminuição de preço demateriais, aumenta o volume de vendas na indústria e,conseqüentemente, tem aumento de vendas no comércio”, analisou. Santini afirmou que asmedidas do governo são bem-vindas, inclusive a criação de novas alíquotas do Imposto de Renda - iniciativa adotada no final do ano passado. Ele, no entanto, defendeu que o governo deveaproveitar a situação de crise mundial para tomar outras medidas que liberem a renda para estimular o consumo por parte do trabalhador.