Da Agência Brasil
Brasília - Maternidadee vida sexual para portadores de deficiência é tema de debates no 1° Seminário Nacional de Saúde: Direitos Sexuais eReprodutivos e Pessoas com Deficiência. O encontro, que começou segunda-feira (23) e termina hoje (25) em Brasília, é promovido peloMinistério da Saúde e busca fortalecer e conscientizar a sociedadede que a deficiência não é um problema. Deacordo com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas comDeficiência, qualquer pessoa tem direito à vida e à liberdade deescolha. Para a diretora de Políticas de Educação Especial doMinistério da Educação, Martinha Clarete Dutra dos Santos, que temdeficiência visual, a sociedade acredita que o deficiente não é capazde ter vida sexual ativa, que a mulher portadora de deficiência não pode ser mãe ou que um tetraplégico não pode ser pai. “Afalta de informação faz com que a sociedade não entenda que nósnão somos deficientes e sim diferentes. Ações como essa sãoimportantes, pois o governo precisa pensar em políticas públicas quepossa contribuir para o desenvolvimento dos protadores de deficiência no Brasil”, afirmou Martinha Santos.Namorar,casar e ter filhos não é uma realidade impossível para uma pessoa portadora de deficiência, todos têm esse direito. Segundo Martinha, a sociedadejulga a capacidade de essas pessoas tomarem suas própriasdecisões. “Casei aos 19 anos, grávida da minha primeira filha,tive a segunda, mas infelizmente veio a separação” relatou.Martinha disse que sofreu o preconceito da sociedade quando perdeu aguarda de suas filhas para o seu ex-marido, pois a Justiça alegouque ela não teria condições de criá-las. NairaRodrigues, fonoaudióloga, perdeu a visão completamente após a suaprimeira gravidez aos 28 anos. “Os médicos me alertaram que adoença que eu tinha podia se agravar com a gravidez, mas a minhavontade de ser mãe era tanta que não me importei em perder a visãode vez, tanto que tive o segundo. Sinto-me realizada como mulher e eue os meus filhos vivemos felizes enfrentando muitas barreiras, masunidos”, ressaltaouNairacritica a forma como a mídia trata o assunto, que determina comoa sociedade vê a mulher portadora de deficiência na maternidade.“A mídia distorce um pouco a doença e usa um sentimentalismobarato. Tive a experiência de fazer parte de uma matéria onde metrataram como coitadinha, incapaz. Ao invés de mostrar que sou mãede dois filhos, trabalho, dou aula, enfim, mostrar que sou capaz, mecolocaram como uma pessoa incapaz de fazer isso”, afirmou.