Ipea projeta em 0,2% crescimento da economia no primeiro trimestre

25/03/2009 - 16h08

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aeconomia deve crescer no primeiro trimestre apenas 0,2%, segundoestimativa divulgada hoje (25) pelo Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea). No segundo trimestre, o crescimento deve chegar a1,6%; no terceiro, a 2,5%; e no quarto, a 3,1%. Com esses resultados,o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e riquezasproduzidos no país) deve acumular 2% neste ano.

Umdos fatores que influenciaram a expectativa do Ipea foi a Selic,atualmente em 11,25%, com seus "efeitos defasados da políticamonetária de redução da taxa de juros básicasda economia”, mas que poderá ampliar o crédito e aredução na ponta ao consumidor.

“Não acho nada inexeqüível[crescimento de 2%]. Eu discordo completamente de todas asanálises que tenho visto, e tenho lido bastante. Pode ser atéque aconteça queda de 4%, mas não em funçãodo que estão argumentando e dentro das condiçõesque temos hoje”, disse João Sicsú, diretor do Ipea.

As projeções do Ipeaforam condicionadas também à hipótese de “queo pior da crise financeira internacional já foi superado” ede que, além da redução dos juros, foi levado emconsideração o aumento real “significativo” dosalário mínimo, atualmente em R$ 465, com a ampliaçãodo valor dos benefícios da Previdência Social, e arecomposição de seus valores.De acordo com a análise do Ipea, outrosfatores que devem influenciar no crescimento são a expansãodos créditos direcionados pelo governo (linhas do BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social e Banco doBrasil, por exemplo, destinadas ao desenvolvimento de um setor) e oconsumo da administração pública. Os economistas doinstituto também levaram em consideração aexistência de mais de 1,3 milhão de famíliasatendidas pelo programa Bolsa Família, o lançamento,hoje, do ProgramaHabitacional do governo, o aumento da renda disponível,devido à criação de duas novas alíquotasdo Imposto de Renda Pessoa Física e o aumento dosinvestimentos em obras do Programa de Aceleração doCrescimento (PAC).

O saldo negativo em transaçõescorrentes também seria menor nas projeções doIpea e ficaria entre US$ 25 bilhões e US$ 18 bilhões. Odéficit menor do que o resultado de 2008, de US$ 28,3 bilhões.Esse item das contas externas representa a balança comercial,a conta de serviços e das transferências unilaterais dopaís.

"Acho razoável umdéficit com essa margem, dado que se espera crescimento 2% [doPIB]. A balança comercial vai melhorar um pouquinho emfunção do que estava acontecendo nos últimos 12meses e do nível de atividade que vai exigir mais exportaçõesdo que importações", afirmou Sicsú.

Quanto à inflação,o Ipea estima em 3,7% a 4,7% a taxa medida pelo Índice dePreços ao Consumidor Amplo (IPCA), não descartando umíndice abaixo da meta estabelecida pelo Conselho MonetárioNacional, de 4,5%. O índice foi projetado levando-se em contao desaquecimento da atividade econômica. De outro lado, tambémpesaram na avaliação do instituto as previsõesde "bons resultados na produção agrícola".O Ipea nãodivulgou estimativas para as taxas de juros e ocâmbio.