Anestesistas pedem descredenciamento do SUS em Alagoas

23/03/2009 - 0h45

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Depoisque mais de 400 médicos autônomos de Alagoas suspenderamem definitivo o atendimento ao público por meio do Sistema Únicode Saúde (SUS), 50 anestesistas do estado devem aspresentar hoje (23) pedido de descredenciamento. De acordo com opresidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed/AL),Wellington Galvão, a categoria já conta com 90% dasassinaturas. A previsão é que, até o fim do mês,os cirurgiões se juntem ao movimento.

Nomomento, segundo Galvão, apenas o Hospital Universitáriode Maceió realiza atendimentos pelo SUS, mas essa demanda representa somente 5% dos alagoanos. Em média, 5 mil cirurgiaseletivas deixaram de ser feitas no estado desde julho do ano passado,quando começou o movimento dos médicos.

Emdezembro, a Defensoria Pública Estadual e o MinistérioPúblico decidiram intervir na negociação, e osmédicos voltaram ao trabalho. No dia 19 de janeiro,entretanto, eles retomaram a paralisação e se descredenciaram em definitivo. Atualmente, os 400 profissionaisatendem a população apenas por meio de convêniose consultas particulares, mas Alagoas chega a registrar 92% daspessoas sem plano de saúde.

NaMaternidade Santa Mônica, a única que ofereceatendimento de alto risco no estado, os pediatras e obstetrasentraram com um pedido de demissão coletiva, que vence nopróximo dia 16. Mães e bebês estão sendoatendidos apenas até que o aviso prévio apresentadopela categoria seja cumprido. “Se não houver entendimento,vai fechar”, ameaçou o presidente do sindicato. “Ainsatisfação é muito grande. A tendência éo médico pedir demissão mesmo.”

Segundo Galvão, uma comparação entra a tabela do SUS e aquela que épaga por meio de convênios mostra uma defasagem de até 1.600%,dependendo do procedimento a ser realizado. Uma consulta com umespecialista, por exemplo, sai por R$ 10 – R$ 7,50 para o médicoe R$ 2,50 para o hospital. Já na atenção básica,a consulta fica por R$ 2,74. A tabela do governo, de acordo com osindicato, não é reajustada há 12 anos. “Éum valor imoral. Ninguém trabalha mais para o SUS.”

“Esperoque o governo federal entenda que não só em Alagoas,mas no Brasil inteiro, tem que haver respeito pelo trabalho domédico. É um profissional importante que leva aténove anos para entrar no mercado de trabalho e não pode ser tratado como um profissional de terceira categoria.”