Feministas vão monitorar imagem da mulher na mídia

17/03/2009 - 5h59

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cerca de 150integrantes de movimentos feministas reunidas emSão Paulo decidiram criar uma rede para monitoramento e controle da imagem da mulher na mídia. As militantesparticiparam do seminário Controle Social da Imagem daMulher na Mídia, encerrado domingo (15). Elas concluíram que é preciso reunir evidênciase cobrar do Estado mudanças sobre a forma como a populaçãofeminina brasileira é retratada pelos meio de comunicação.Amídia dissemina valores ideológicos que acabamtransformando as mulheres em consumistas fúteis, em pessoas submissas edependentes de seus maridos”, criticou Terezinha Vicente Ferreira,uma das participantes do seminário e também integranteda Articulação Mulher e Mídia em SãoPaulo.Ementrevista à Agência Brasil, Terezinha afirmou que amaior parte do material veiculado pelos meios de comunicaçãonão transmite as informações necessárias e verdadeiras sobre o mundo feminino. Desta forma, acaba contribuindo com adesigualdade de gênero e de oportunidades existentes no país.Amulher que aparece na TV não é a mulher real. Ela segueum padrão de beleza, tem um discurso padrão. Os programas que passam à tarde ensinam a mulher afazer crochê, artesanato e não a ser protagonista desua vida social, econômica e política.”Paraa integrante da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), LourdinhaRodrigues, o seminário sobre a imagem da mulher foi um marcopara o movimento feminista e para o controle social da mídia.Segundo ela, estiveram representadas todas as classes e movimentos feministas- sindicalistas, lésbicas, camponesas, negras - com oobjetivo de mudar a visão da mídia sobre o sexofeminino.Acriação da rede de controle da imagem da mulher foi oponto alto do encontro”, afirmou Lourdinha, explicando que todas asparticipantes se comprometeram a acompanhar oque é veiculado para cobrar das autoridades as mudançasnecessárias.Deacordo com ela, os dados coletados pela rede devem serapresentados pelas feministas na Conferência Nacional deComunicação, prevista para o fim do ano, e atémesmo orientar ações quanto à política de concessões na radiodifusão,por exemplo. “As concessões são públicas. Asrádios e TVs que não tratam a mulher de forma corretadevem ser penalizadas.”A Agência Brasil procurou o Ministério da Comunicaçõese a Associação Brasileira de Emissoras de Rádioe Televisão (Abert) para ouvir a posição das duas instituições sobre as críticas e propostas das feministas.O Ministério das Comunicações não se pronunciou. Já a Abert informou que o assunto deveria ser tratado diretamente com suas associadas.