Amazonas ainda apresenta consumo incipiente de crack

13/03/2009 - 8h19

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Dados da Secretaria de Justiça eDireitos Humanos (Sejus), da Polícia Civil e do Conselho deEntorpecentes do Amazonas confirmam que o uso do crack no estadoocorre esporadicamente. Não há, segundo representantesdessas autoridades, venda e consumo desse tipo de droga no estado. APolícia Federal informou que ainda não foram realizadasoperações para apreensão de crack no Amazonas.Deacordo com a presidente do Conselho de Entorpecentes do estado(Conen/AM), Darcy Moreno, as drogas ilícitas atualmente maisconsumidas no Amazonas e em Roraima são a maconha e a cocaína.Um quadro influenciado por questões logísticas.“Quanto ao crack, como não há oferta, o usotambém não existe e acaba ficando restrito para quem éde fora e traz a droga para consumo aqui no estado. Não éo caso de Porto Velho e Belém que tem rodovias. Lá, jáouvimos dizer que tem a presença do crack”, afirma.Ementrevista à Agência Brasil, o delegado titularda Delegacia Especializada em Prevenção e Repressãoa Entorpecentes (Depre) em Manaus, Einstein Rebouças, afirmouque a inexistência do crack no Amazonas também podeestar relacionada a questões culturais e de preço.Delegado há seis anos, ele afirmou que nunca ouviu falar sobreapreensão de crack na região e acredita que a presençada droga no estado seja insignificante.“Acreditoque a ausência de crack no Amazonas esteja relacionada tanto aum aspecto cultural quanto a um aspecto de preço.”

“Acocaína é o que lidera o trânsito de drogas noestado e se eles [usuários] apreciam as drogasconsumidas, dificilmente mudam. A questão do preço éque, todo comércio, quando tem pouco consumidor, se tornainviável. Enquanto não atingir o consumidor em massa,esse comércio tende a ficar caro e restrito”, avalia.ParaRebouças, dificilmente outro tipo de droga irá competircom a preferência pela cocaína no estado já que,nessa região, a droga é “mais limpa” e atémais barata.

Segundoo delegado, a cocaína no Amazonas chega diretamente de paísesvizinhos produtores, como a Colômbia, e é disseminadasobretudo por meio do trânsito de barcos. Só emfevereiro, a Depre já realizou 22 flagrantes de apreensões– todos de cocaína.“Estamos mais perto de mercadosprodutores da cocaína e issofaz com que essa droga chegue aqui mais fácil, mais pura e àsvezes até mais barata.”

Acocaína aqui pode ser encontrada mais facilmente e em menorpreço que em São Paulo, ou seja, fica cada vez maisdifícil entrar outra droga nesse mercado para concorrercom essa cocaína, uma vez que aqui estamos nos limites daprodução”, avalia.