Trabalhadores temem desemprego com novo modelo de transporte terrestre

11/03/2009 - 7h51

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou que, pela primeira vez, o Poder Público fará leilões para concessões a empresas de ônibus no país. A inciativa é reconhecidapelos trabalhadores que temem, porém, o desemprego. “Não há uma vírgula que fale do trabalhador”, reclamou o presidente daConfederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte, José AlvesFilho, sobre o novo modelo de concessão para o transporte terrestreinterestadual. Para ele, “haverá desemprego” pois a proposta do governo deverá reduzir o número de ônibus em trânsito.JoséAlves Filho refere-se a um dos estudos técnicos da ANTT - Modelo de Rede Funcional - que define como objeto de licitação aconcessão de 4,2 mil ônibus para circulação, mais de um terço do número de veículos em circulação atualmente (12 mil ônibus).Opresidente da Associação Brasileira de Transportes Interestaduais,Renan Chieppe, não tem dúvida de que haverá desemprego. Ele afirmou queapós a entrada em vigor do novo modelo, poderá ocorrer “morte deempresas” e corte de 20 mil postos de trabalho.Renan Chieppecritica a falta de pesquisa para elaboração da proposta. Segundo ele,não foram feitos, por exemplo, estudos sobre os hábitos e expectativasdo consumidor e um plano macro considerando a oferta de outrosserviços de transporte (modais)Afonso Mazur, da ConfederaçãoNacional dos Usuários dos Transportes Coletivos Rodoviários (Conut), temeque o “usuário pague a conta” e que o serviço possa piorar dequalidade. Na sua opinião, a proposta ainda “não está acabada”.Asuperintendente da ANTT, Sônia Haddad, admite que haverá um processo detransição entre as atuais concessões e o novo modelo, que poderá duraraté 18 meses. Esse processo será monitorado e vai variar de acordo com olote de ligações interestaduais.A agência promoveu desde janeiro oitoreuniões técnicas para discutir com a sociedade o novo modelo. Asreuniões ocorreram em Salvador, Fortaleza, São Paulo, Belo Horizonte,Curitiba, Cuiabá, Belém e Brasília. Nas reuniões foram discutidos osparâmetros de funcionamento, metodologia de remuneração, formas degestão e controle e os contratos de concessão.