Prefeito reage a críticas e diz que Ouro Preto não é Disneylândia colonial

23/02/2009 - 8h47

Marco Antonio Soalheiro
Enviado Especial
Ouro Preto (MG) - O prefeito ÂngeloOswaldo reagiu com irritação às críticasfeitas por empresários da cidade, que definiu como “genteeternamente insatisfeita e com intuitos políticos”, aomodelo de carnaval promovido pela prefeitura após debates coma sociedade. Com foco nos artistas locais, foram montados palcos emdiferentes pontos do centro histórico, com programaçãomusical diversificada, que vai das tradicionais marchinhas e sucessosda axé music, do funk e do movimento hiphop. “Ouro Preto não é uma Disneylândiacolonial, nem um museu de cera. É uma cidade viva, commanifestações culturais diversas que precisam deincentivo e juntas fazem o nosso diferencial em relaçãoao carnaval de outros centros ”, ressaltou Oswaldo. A convicção do prefeito divideopiniões na cidade. O músico Virgílio Alves,fundador do bloco Bandalheira Folclórica Ouro-Pretana, um dosmais tradicionais da cidade, que satiriza a ditadura militar, afirmaque o modelo atual tira beleza e graça do carnaval. “O poderpúblico tem que deixar o centro histórico para osblocos, as marchinhas de carnaval, os sambas e o chorinho. Esse éverdadeiro carnaval”, disse Virgílio.A relações públicas CristinaPimenta, por sua vez, ressalta que o modelo é democrático:“Tem que ter espaço para todo mundo. Tem gente que nãogosta de marchinhas, e não é errado não gostar”,argumentou. De fato, quem curte a folia na cidade, que épatrimônio cultural da humanidade, pode optar pelo estilo defesta que mais lhe agrada, o que ajuda a explicar a massificaçãodo turismo nesse período. Junto com a festa, surgem mazelasinevitáveis em eventos deste porte, como a sujeira, a montagemde barracas e o grande fluxo de pessoas nas ruas. A prefeitura admite rever algum ponto, desde quehaja consenso e que esteja previsto no Termo de Ajustamento deConduta (TAC) com o Ministério Público. “Nãotemos uma fórmula pronta e acabada. O carnaval na minha gestão[Oswaldo está há quatro anos e dois meses no cargo,que já ocupara duas vezes anteriormente ] é sempreorganizado em sintonia com o povo de Ouro Preto, mas não comas pessoas mal humoradas”, afirmou Oswaldo.Segundo o prefeito, a proposta de algunsempresários e músicos de concentrar grande parte docarnaval fora do centro histórico é inviável. Jáfoi criada uma área denominada Espaço Folia, paraconcentrar os grandes blocos estudantis e shows de artistasnacionais, mas os blocos com menos de 2 mil integrantes têmautorização para desfilar no centro. “O carnaval nasruas, ladeiras e largos é uma tradição enraizadaem Ouro Preto. O problema é que algumas pessoas ficam compreciosismos ao invés de ajudar a cidade.” O prefeito disse considerar os tapumes artísticoscolocados na lateral das ruas elevadas indispensáveis para asegurança dos foliões. “É meu dever resguardara integridade física de quem transita pela cidade. Quem iriase responsabilizar se um bêbado cair de lá, como jáocorreu antes?”