Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O comportamentopermissivo e o uso excessivo de álcool e drogas são acombinação perfeita para o sexo sem proteçãono carnaval. O cenário é ainda mais perigoso para asmulheres, aponta Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan,especializado em sexualidade humana. Segundo a especialista, opróprio corpo feminino facilita o desenvolvimento deinfecções.“As mulheres sãomais vulneráveis tanto ao contágio de doenças, quanto à gravidez. Ela tem muito mais possibilidade de infecçãodo que o homem porque o aparelho genital interno favorece isso”,alerta Vilela. Além dos fatores fisiológicos, hátambém as barreiras culturais. A não-popularizaçãoda camisinha feminina, por exemplo, torna as mulheres ainda maisvulneráveis na hora de exigir o uso do preservativo.“A camisinha femininaé muito nova, muita gente nunca nem viu. Ela ainda tem umaanatomia de difícil colocação, agora saírammodelos mais novos que simplificaram e a gente espera que facilite ouso. A mulher seria mais independente porque nem precisaria negociarcom o parceiro, ela mesma se encarregaria da proteção”,aponta a especialista.De acordo com MariaHelena, o uso de álcool e de drogas, comuns durante o carnaval, são dois fatores que contribuem para o sexo semproteção e o conseqüente contágio por doenças sexualmente transmissíveis (DST).“O carnaval tem umconceito de que ninguém é de ninguém e vale tudo, por isso o risco de não se cuidar, de não seprevenir, é maior. Esse comportamento associado à bebida eà droga aumenta a vulnerabilidade, porque essas substâncias tiram o seu controle.Mesmo que a pessoas queira se cuidar, às vezes pelo fato deestar embriagada o controle fica mais difícil”, alerta.A especialistarecomenda aos foliões que controlem o uso da bebida antes dosexo. “ É importante que as pessoas não se esqueçamdelas, lembrem-se de que se nesse momento a gente não se cuidar,as conseqüências podem ser muito sérias. Se fortransar, não beba. Mas, se for beber, negocie o uso da camisinhacom o parceiro antes, porque depois fica mais difícil”, diz.Na avaliaçãode Maria Helena, as campanhas sobre sexo seguro devem ir alémdo carnaval porque só quem “tem convicção daimportância da prevenção” consegue exigir o usodo preservativo. “Usarcamisinha não é uma coisa tão simples quantoparece, o uso está ligado a valores que para algumas pessoas édifícil encarar. É complicado, você tem quenegociar com o parceiro, tem que encarar o fato de que vocêacredita que o parceiro pode ser alguém que não secuida e isso são coisas que a nossa sociedade ainda nãose abre para conversar. Mas se a pessoa tem aquilo como hábito,ela usa camisinha no carnaval ou fora do carnaval”, compara.