Turistas buscam em Ouro Preto festa diferente da dos grandes centros

21/02/2009 - 10h24

Marco Antonio Soalheiro
Enviado Especial
Belo Horizonte e Ouro Preto (MG) - O carnaval das cidadeshistóricas de Minas Gerais demonstra sua força desde asfilas que se formam nos guichês da rodoviária da capital mineira onde turistas de todo o país buscam passagens para Ouro Preto, Mariana, Diamantina,São João Del Rey e Tiradentes. Nas filas, é impossívelnão ouvir diferentes sotaques regionais em animadasconversas de quem espera com ansiedade o início da folia. No ônibus emdireção a Ouro Preto, brasilienses, cariocas e atéparaibanos que venceram muitos quilômetros para chegar a Minas dividem osassentos. “Tem alguém da Asa Norte [região deBrasília] aí?”. A pergunta de Diego de Paula, umcomunicativo barman da capital mineira, é a senha para todosinteragirem, cantarem, compartilharem histórias eexpectativas sobre o carnaval. Do Distrito Federal,oito amigos resolveram viajar à cidade, berço da culturabarroca no país, para conhecer a festa cuja descrição emcomunidades da internet os impressionou. Um grande atrativo foi opreço: R$ 570 pela estadia de cinco dias, em uma das dezenasde repúblicas estudantis ouro-pretanas, com direito aalimentação e bebida à vontade 24 horaspor dia. Na bagagem, além da disposição paradançar e beber até a Quarta-Feira de Cinzas, tambémrecomendações dos pais. “Como jácheguei a dormir na cozinha da minha da casa , falaram para eumaneirar um pouco, já que não estou em Brasília”,contou Marcos Dantas, 19 anos, que prefere ser chamado de “Mixaria”. Apesar de aparentemente estar acompanhado de uma garota,a proximidade da festa fez com que ele não admitisse um namoro.“Quando terminar o carnaval, a gente vê”, disse ele, arrancandogargalhadas dos companheiros. As amigas Nilza eGraziela Medeiros (o sobrenome igual é apenas coincidência)chamaram a atenção de todos pela origem distante. Naúltima quinta-feira (19) deixaram a cidade de Patos, no interiorda Paraíba, rumo ao carnaval que conheciam apenas dos flashespela tevê de todos os anos. “Já tínhamos ido paraSalvador e Pernambuco, e agora queríamos uma coisa diferente”,disse Nilza. Apesar do espíritoaventureiro, ambas preferiram não optar pela hospedagem nasrepúblicas, onde de oito a 12 pessoas dividem quartos. “Alémde não conhecermos [as repúblicas], tem também aquestão da comodidade. Na pousada fica mais privativo”,justificou Nilza. A intençãodas amigas é curtir os sons e a cultura da cidade, mas não o farto cardápio etílico, tradicional no carnavalouro-pretano. “Com certeza, dá para se divertir sem beber,porque a a animação está dentro de você “,afirmou Graziela. As paraibanas não vão, portanto, experimentar o drink com o qual o barmanDiego garante balançar o folião nas festas temáticasda república em que se hospedará. Segundo ele, trata-se de umcoquetel flamejante, preparado na boca da pessoa, com licor delaranja, vodka e groselha. “Não sei se faz perder o juízo,mas altera bem o metabolismo”, brincou Diego, fã do carnavaldas repúblicas. “Você se diverte, faz amigos, e nãoprecisa sair dali para nada.” O pagodeiro ClaitonSilva, 23 anos, escolheu Ouro Preto fazer shows em distritos erepúblicas durante o carnaval. Para ele, mais do que os R$ 500 de lucro quesobra para cada integrante, é a oportunidade de curtir afesta que justifica a viagem. “Venho, bebo de graça, curto,toco e faço amigos. E depois das 3h da manhã, jádá para ir para a rua.” Aprefeitura de Ouro Preto estima que 50 mil foliões passemdiariamente pela cidade, contribuindo para movimentar o comércio local. Além do carnaval das repúblicas, blocostradicionais, escolas de samba, palcos e espaços reservadospara os hits do momento garantem um carnaval para todos os gostosmusicais. Resta saber se o fôlego estrá em dia para osobe-e-desce das íngremes ladeiras.