Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A capacidade produtiva das indústrias está situada em uma margem superior à demanda de mercado. Isso levou as empresas a reduzirem seus planos de investimentos em máquinas e equipamentos para 2009. Esta é uma das constatações apontadas pela Sondagem Industrial Especial, divulgada hoje (19) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Das empresas sondadas, 45% afirmaram que irão reduzir as compras de máquinas e equipamentos, e 41% manterão inalterados os investimentos. Apenas 14% delas – todas ligadas ao setor de refino de petróleo – manifestaram intenção de aumentar esse tipo de investimento.“O único setor que pretende aumentar essas compras é o de refino de petróleo, certamente por influência das recentes descobertas na camada do pré-sal”, informou o gerente da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca. Tendo como referência um índice que varia entre 0 e 100 pontos – segundo o qual valores acima de 50 pontos indicam expectativa de crescimento das compras em comparação a 2008, e o abaixo dessa marca retração de investimentos – o de refino alcançou 55 pontos. Em 2009, o índice médio de expectativa de compras de máquinas e equipamentos foi de 38,1 pontos, bem abaixo dos 56,4 registrados em 2008 e dos 51,1 de 2007.Os setores que prevêem maior redução são os de produtos de metal, com índice de 28,8 pontos; de papel e celulose, com 29,7 pontos; de veículos automotores, com 30 pontos; e de álcool, com 31,7 pontos.O índice referente às grandes empresas situou-se em 35,8 pontos. Mais da metade das empresas deste porte pretende reduzir suas compras em comparação com 2008. O índice das pequenas é de 39,9, e o das médias, 36,2 pontos.Como a crise tem assolado de forma mais acentuada o mercado externo, o alvo da vez para as empresas será o mercado interno, que abocanhará a maior parte dos investimentos planejados para 2009. “O foco dos investimentos previstos, em termos de mercado consumidor, será prioritariamente o mercado interno para 73% das empresas consultadas”, informou Fonseca. Segundo o estudo, 24% das empresas tratarão igualmente os mercados externo e interno, e apenas 3% dará prioridade ao mercado externo.“Até 2005 o que sustentava a economia era o mercado externo. Desde então isso mudou, e o mercado interno ganhou um peso considerável. A isso acrescenta-se a valorização do real em relação ao dólar e a retração do consumo no exterior”, justificou Fonseca.