Produção de aço bruto cai em janeiro, mas o laminado mostra recuperação

19/02/2009 - 17h39

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A produção de açobruto nacional caiu 1,8% em janeiro deste ano, em relaçãoa dezembro do ano passado, de acordo com dados divulgados pelo InstitutoBrasileiro de Siderurgia (IBS). Foram produzidos 1,6 milhão detoneladas. Na comparação com janeiro de 2008, a quedaregistrada na produção de aço bruto foi de45,6%, refletindo os impactos da crise internacional.

O vice-presidenteexecutivo do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, disse hoje (19), ementrevista à Agência Brasil, que a produçãode laminados (um milhão de toneladas), ao contrário,mostrou expansão de 9,9% sobre dezembro do ano passado. Oaumento reflete a retomada de operação de usinas queparalisaram as atividades no final de 2008.

Já asexportações de produtos siderúrgicos somaram emjaneiro deste ano 438 mil toneladas, superando em 24,1% o resultadode dezembro. Na comparação com janeiro de 2008, no entanto, a quedaem volume exportado foi de 56,7%.

Lopes lembrou que asiderurgia brasileira exportava algo como 40% da produção,mas ocorreu uma forte retração por causa da crisemundial. “O que está acontecendo lá fora é umaverdadeira queima de estoques. É entrega de material aqualquer preço”, disse.

As vendas no mercadointerno cresceram 1,7% sobre o mês anterior, totalizando 950mil toneladas. Quando comparados com o mesmo mês de 2008, osnúmeros revelam retração de 48,4%. Lopes afirmouque “tudo que você pegar em relação a janeiro[do ano passado] vai acusar queda, porque você teve umdecréscimo grande em novembro e dezembro”.

O vice-presidente doIBS disse que, no mercado doméstico, houve queda significativanos principais setores consumidores de aço, como bens decapital, construção civil e automotivo, que representamquase 80% do mercado comprador.

“Eles tiveram quedassignificativas em novembro e dezembro. Em janeiro, começou umnível de recuperação, principalmente no setorautomotivo, por conta das medidas pontuais que foram tomadas pelogoverno”, afirmou.

Lopes avaliou, porém,que o resultado de janeiro é positivo, porque ficou acima dasexpectativas iniciais do setor siderúrgico, que eramnegativas. Mesmo assim, considerou que isso “não ésuficiente, neste momento, para caracterizar o que seria uma reversãodos piores indicadores que nós experimentamos nos meses denovembro e dezembro”. Assegurou que não existe ainda nenhumindício efetivo para acreditar que tenha se iniciado umprocesso de reversão desse quadro.

Na avaliaçãodo IBS, a prioridade é a preservação do mercadointerno, pois é isso que diferencia o Brasil das economias emrecessão. Para preservar esse mercado, Lopes recomendou aimplementação de medidas que estimulem o consumo e oinvestimento, com o governo adotando medidas que protejam o setorcontra importações predatórias. “Todos ospaíses estão fazendo isso. E nós achamos queseria fundamental que se fizesse isso aqui também”.

Lopes criticou o fatode ainda haver no Brasil um grupo de produtos que se mantêm comalíquota zero, “por uma decisão política de2005”. Disse que isso é inaceitável. “No mínimo,é uma ingenuidade que no meio desse contexto de escalada doprotecionismo no mundo, nós estejamos com esse nível devulnerabilidade”.

Na opinião dovice-presidente do IBS, a grande preocupação é aChina, que aumentou suas exportações de aço paraa América Latina em mais de 50% entre janeiro e outubro de2008, “quando não se tinha um cenário de crise que setem hoje”. Para Lopes, o mercado interno é a saídapara a crise.