Desvalorização dos professores é uma das causas da baixa qualidade do ensino, aponta especialista

19/02/2009 - 19h53

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O baixo desempenho dealunos da rede pública em português e matemática,apontado em estudo do movimento Todos pela Educação, pode ser explicado em parte pela desvalorização que oprofessor enfrenta hoje. A avaliação é dopróprio presidente da ONG, Mozart Neves Ramos.“O problema émultifacetado, mas certamente para que a gente mude a questãoda aprendizagem temos que valorizar o professor. Primeiro, eles nãoestão capacitados dentro desafio atual da escola pública.Depois, o professor hoje ganha pouco, corre risco de vida,principalmente para quem trabalha nas periferias das grandes cidadescom o problema da violência”, destaca Mozart, que tambémé membro do Conselho Nacional de Educação (CNE).Além dascondições de trabalho oferecidas aos professores,Mozart aponta a formação desses docentes como umproblema central para qualidade do ensino público. “Aformação continuada que é oferecida a essesprofessores é dada em geral por universidades que estãodesacopladas da realidade da escola pública. Não hádiretrizes claras entre o que está sendo formado durante acapacitação e aquilo que deve ser ensinado na sala deaula, há um completo hiato entre a formação e apreparação real”, destaca.Para o presidente daCampanha Nacional Pelo Direito à Educação,Daniel Cara, além da desvalorização da carreirado magistério, outros fatores estruturais contribuem para essebaixo desempenho. Entre eles, os baixos investimentos em educaçãoe os mecanismos atuais de avaliação aplicados no Brasil. “As avaliaçõesprecisam melhorar muito para que a gente consiga fazer com que elasalimentem o sistema no sentido de melhorá-lo”, defende. Naavaliação de Cara, os mecanismo atuais como ProvinhaBrasil, Índice de Desenvolvimento da EducaçãoBásica (Ideb) e outros são “incompletos” porque nãoconseguem fazer um diagnóstico das razões nem propor soluçõespara os problemas detectados.Na opinião doespecialista, os sistemas de avaliação de hoje sãoos que o “governo federal pode executar”. Entretanto, segundo ele, estados, municípiose escolas deveriam ser incentivados a incrementar o processo.“Eles precisam ter sistemas próprios de avaliação. A avaliação deve ser uma prática contínua nas escolas públicase voltada para aprendizagem, mostrando o que precisa melhorar”,acredita Cara.