Acordo entre Febraban e Força Sindical permite reescalonar pagamento de crédito consignado

18/02/2009 - 16h04

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Força Sindicale a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) firmaramhoje (18) protocolo de orientação para reescalonamento de pagamentos de crédito consignado. Oobjetivo é reduzir os impactos da crise econômica entreos trabalhadores da iniciativa privada que aceitaram os acordos deredução de jornada de trabalho e de saláriopropostos pelas empresas para evitar demissões. Pelo protocolo, sempreque ocorrer acordo coletivo que proponha redução oususpensão de salário, o pagamento das prestaçõespoderá ser reduzido ou suspenso pelo mesmo período emque vigorar o acordo.O documento prevê que a empresaenvie ao banco responsável pelo empréstimo uma listacom todos os nomes dos funcionários que têm créditoconsignado e os valores dessas prestações descontadasem folha de pagamento, além de uma cópia do acordofeito com o sindicato. O funcionário deve procurar o bancopara discutir os valores e prazos de sua operação. Odiretor executivo da Febraban, Hélio Ribeiro Duarte, disse queos bancos não são obrigados a aderir ao programa, masacredita que todos seguirão a orientação. “Éuma coisa boa para todos os bancos, e não há motivopara que eles não sigam a orientação que vamosdar. Os representantes dos bancos participaram das negociaçõese deram seu 'de acordo' para que o protocolo fosse assinado.”Duarte informou que oacordo vale por um ano e que pode ser prorrogado, caso a crise nãose resolva nesse período. O presidente da ForçaSindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, destacou o aspectosimbólico da iniciativa dos bancos com a assinatura do acordo.Segundo ele, o gesto mostra que, na crise, todos devem ceder parasair do problema. “À medida que fazemos os acordos nasempresas, percebemos que um trabalhador que fez um empréstimoconsignado de até 30% de seu salário estávivendo com 70% do que ganha. Quando reduz a jornada e o salárioem mais 20%, ou suspende o contrato, ele passa a viver apenas com osalário do seguro-desemprego, ou vai viver com 50% dosalário”.Paulinho enfatizou que a primeirapreocupação da Força Sindical foi manter osempregos, o que está acontecendo com a reduçãode jornada e salário e com a suspensão de contratos.Com o protocolo, o que deve ocorrer é a permanência darenda. “Se conseguimos manter emprego e renda, vamos sair da crise,porque os trabalhadores vão ganhar e comprar. Se o trabalhadorperde o emprego, não paga dívida no banco. Por isso, osbanqueiros também ganham com isso.”O presidente da Força Sindical estima em cerca de200 mil o número de trabalhadores têm crédito consignado. Ometalúrgico Walter João da Silva, de 36 anos, quetrabalha há 10 anos na Novex Rodas e Rodízios, estápagando desde janeiro prestações de empréstimofeito para garantir o pagamento de outras contas. Walter disse quepegou o empréstimo porque tinha medo de não conseguirpagar as despesas normais depois da redução de jornadae de salário em 20% proposta pela empresa e aceita pelosfuncionários. Para ele, o acordo entre a ForçaSindical e a Febraban é importante para os trabalhadores,porque qualquer valor a mais no salário já contribuipara trazer alguma tranqüilidade em um momento de tantasincertezas causadas pela crise econômica global. “Com aredução de salário, fica difícil pagartodas as contas e ainda o empréstimo. Eu sempre recorro aoempréstimo consignado, porque os juros são mais baixos.No momento, dependo desse recurso para poder pagar minhas despesas.”