Exportações de têxteis caem e empresários querem medidas que garantam competitividade

17/02/2009 - 18h46

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os produtos de cama, mesa e banho estão entre os principais mercadorias exportadas pelo Brasil. No entanto, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) divulgou ontem (16) uma nota afirmando que a exportação desses produtos sofreu uma retração de 52% em janeiro de 2009 quando comparado ao mesmo período do ano passado. O segmento vestuário teve uma queda de 45,8%. Segundo o presidente da Abit, , Aguinaldo Diniz Filho, “o setor têxtil e de confecção brasileiro fechou o primeiro mês de 2009 com um déficit de US$ 168,7 milhões, excluindo o comércio de fibra de algodão. O resultado se deve ao valor de US$ 245 milhões em importações, contra US$ 76,3 milhões em exportações. Se forem incluídas as fibras de algodão, o déficit cai para US$ 108,8 milhões”, afirmou.“Essa queda brusca nas exportações vem da retração dos mercados. Nossa preocupação está nas medidas de protecionismo que outros países estão adotando referente às importações. As empresas, com o governo, terão que tomar medidas para garantir a competitividade do produto nacional, diante de um mercado mais disputado”, disse.Ele explica que a queda das exportações do setor está associada aos efeitos da crise na Argentina e nos Estados Unidos, dois dos principais mercados do setor têxtil.“Com a crise, deixamos de exportar US$ 25,8 milhões em produtos para o país norte-americano em janeiro, o equivalente a 56,4% a menos em relação ao mesmo mês do ano passado. A Argentina adotou novas medidas protecionistas [licenças não-automáticas] e acabamos diminuindo em 53,2% o envio de produtos ao país vizinho, o que representa US$ 20,3 milhões a menos no faturamento com esse país, quando comparamos janeiro de 2009 com 2008”, informou.As exportações brasileiras de produtos têxteis e de confecção apresentaram, em janeiro, queda de 33,5% em termos de valor e 27,23% em volume, se comparado ao mesmo período do ano passado. Quando excluídas as fibras de algodão, o quadro se agrava, com queda de 45,57%, em termos de valor, e de 48,83%, em volume.As principais quedas afetaram fibras têxteis (- 13,5%), fios (-15,15%), filamentos (- 68,34%), tecidos (- 52,25%), linhas de costura (- 63,28%) e confecções (- 45,22%).Quando comparadas ao mesmo período de 2008, as importações em janeiro apresentaram queda de 22,6%, em termos de valor, e 35,14%, em volume, nos produtos que têm incluídas as fibras de algodão. Já os que não possuem esse insumo apresentaram uma queda de 22,14%, em termos de valor, e 34,37%, em volume.Alguns produtos importados tiveram crescimento. Entre eles os tecidos de algodão (+ 57,78%), os tecidos de filamentos (+ 14,31%) e vestuário (+ 53,48%).Para Diniz, o aumento nas importações de vestuário (53,4%) é resultado dos contratos fechados há seis meses. Portanto, compras feitas antes da crise, com produtos embarcados em novembro e desembaraçado pela alfândega brasileira em janeiro. A Abit acredita que esse crescimento deve sofrer redução nos próximos meses.Segundo ele, o total de investimentos do setor, em 2008, foi de US$ 1,5 bilhões, e o faturamento ficou em US$ 43 bilhões, com produtos têxteis e de confecções. “Começamos a sentir os efeitos da crise em outubro de 2008. Até novembro havíamos criado cerca de 51 mil novos empregos, mas, em dezembro, que foi um dos piores meses da história recente para os setor, diminuímos em 29 mil vagas. O saldo ainda está positivo, em cerca de 22 mil contratações”, informou.Apesar da queda nas exportações, o mercado interno consegue aliviar o impacto negativo da queda das exportações do setor porque, segundo Diniz, 92% do que o setor produz é consumido internamente. “Temos uma perspectiva positiva, desde que o dólar não fique abaixo dos R$ 2,30; o Brasil cresça pelo menos 1,5% e o governo tome atitudes enérgicas para preservar o mercado interno, que é nosso maior ativo, criando condições igualitárias com os concorrentes asiáticos. Com essa conjuntura, nossa expectativa é de crescer entre 3,5% e 4% em 2009”, prevê.